Uma luta legítima
O governo grego proibiu a greve na companhia de electricidade após um tribunal ter declarado, dia 4, ilegal a luta dos trabalhadores contra a privatização.
Governo grego decreta mobilização civil contra grevistas
A decisão do tribunal deu cobertura ao governo de Samaras para decretar, no sábado, 5, a mobilização civil e pôr fim a uma greve que visava exclusivamente travar o processo de privatização da Empresa Pública de Energia.
A paralisação de 48 horas prorrogável iniciou-se na quarta-feira, 2, provocando apagões em várias regiões, nomeadamente na capital, na ilha de Creta e várias localidades no Norte e Sul do país. Treze centrais eléctricas foram desactivadas.
Perante a forte adesão dos trabalhadores e a sua determinação em prosseguir a luta contra a venda da companhia pública, o executivo helénico saiu a terreiro para acusar os grevistas de perturbar a época turística.
Sofia Voultepsi, porta-voz do governo, foi peremptória a esse respeito: «Não podemos ter 20 milhões de turistas que entram no país e privá-los de ar condicionado»
A liberalização do sector energético é uma das condições impostas pela troika desde 2010 para conceder ajuda financeira à Grécia. Todavia os sindicatos insistem em defender a empresa pública, considerando que a electricidade é um bem comum e uma riqueza nacional que tem de ser protegida.
Na noite de quinta-feira, 3, cerca de 800 trabalhadores manifestaram-se em Atenas frente à sede da companhia e do Ministério das Finanças, denunciando «o desmembramento e a liquidação de uma empresa com 60 anos de história que tem contribuído para o crescimento da economia grega», como declarou Stamatis Relias, dirigente do sindicato GENOP-DEH, citado pela AFP.
O Estado grego possui 51 por cento da empresa, que produz cerca de dois terços da electricidade consumida no país e controla praticamente a totalidade do mercado de distribuição doméstica.
A lei da privatização que já deu entrada no parlamento visa alienar 30 por cento do capital do Estado.