Saúde em risco
Um recente inquérito em França revela que mais de um em cada quatro indivíduos se viu obrigado a prescindir de pelo menos um tratamento médico.
Um em cada quatro franceses renuncia a tratamentos
O estudo publicado, dia 27, pelo Instituto de Investigação e Documentação em Economia da Saúde (Irdes), conclui que 25,7 por cento dos franceses não puderam aceder aos cuidados de saúde de que necessitavam por razões financeiras.
Mas este número alarmante apenas reflecte a situação em 2012, ano em que o inquérito foi realizado, junto de oito mil famílias e 23 mil indivíduos. Desde então, outros dados indicam que o acesso aos cuidados de saúde continuou a degradar-se.
Em Outubro de 2013, o 7.º barómetro sobre Saúde da Europ Assistance constatou que 33 por cento dos inquiridos (um em cada três franceses) haviam renunciado a tratamentos por falta de meios.
De acordo com o inquérito do Irdes, a medicina dentária e a oftalmologia foram as especialidades que mais pessoas não puderam pagar.
Assim, 18 por cento dos beneficiários da segurança social, que integra a assistência médica pública, abdicaram de tratamentos dentários devido ao seu elevado custo, enquanto outros dez por cento o fizeram em relação a consultas de oftalmologia, cinco por cento a consultas de clínica geral e quatro por cento a outro tipo de tratamentos.
Naturalmente que as dificuldades são mais sentidas pelas famílias mais pobres – 15 por cento das quais renunciaram a tratamentos de oftalmologia, contra apenas 3,6 por cento das consideradas mais abastadas.
Mas a falta de recursos não é a única razão que impede muitos de aceder a cuidados de saúde.
O inquérito salienta que 17 por cento das pessoas desistiram de obter uma consulta devido às longas listas de espera, e três por cento não foram ao médico porque os estabelecimentos de saúde ficam demasiado longe ou são pouco acessíveis em transportes.
Segundo o citado barómetro da Europ Assistance, que não incluiu Portugal, a renúncia aos cuidados de saúde afecta 18 por cento dos indivíduos de países europeus e 24 por cento nos Estados Unidos.
Na Europa, esta privação atinge 39 por cento dos polacos, 24 por cento dos alemães e 20 por cento dos italianos. As percentagens mais baixas verificam-se na Grã-Bretanha (4%) e na Suécia (6%).