A mentira tem a perna curta
Uma das linhas de demagogia que foi avançada pelas forças do sistema nas últimas eleições para o Parlamento Europeu foi a de que estaria em causa a eleição do sucessor de Durão Barroso, uma vez que, no quadro do Tratado de Lisboa, está prevista a intervenção do PE na escolha do cargo que ocupa, o de presidente da Comissão Europeia.
Com o objectivo de imporem às massas a ideia de pertença à «Europa», como se, desde a fundação da nacionalidade, Portugal não lhe pertencesse, e o nosso território não estivesse, desde sempre, neste continente, procurando dar por adquirida a sua concepção federalista, e encenando uma suposta participação popular em decisões importantes, não hesitam em recorrer à mais descarada mentira.
Daí a ter-se dito, por exemplo, que quem votasse no PS estaria a apoiar Martin Shultz e quem optasse pela coligação do Governo estaria a dizer que queria Jean Claude Juncker na dita presidência, foi um passinho só.
Numa autêntica feira de vaidades, vários foram os putativos candidatos a presidente que apareceram ao lado de dirigentes partidários e de candidatos a deputados cá do burgo, chegando os partidos de direita a encenar uma manifestação de apoio ao seu homem na corrida.
Como a mentira tem perna curta, não foram necessários muitos dias para que tudo ficasse esclarecido.
Afinal, quem vai decidir quem é o futuro presidente da Comissão não é o PE coisa nenhuma, limitando-se a votar, com as devidas disciplina e submissão costumeiras por parte das bancadas do arco da velha política, uma proposta que virá dos governos, e pelos vistos, entre os governos há uns que vão decidir mais do que outros. Veja-se as reuniões que Ângela Merkel está a promover para impedir que o candidato seja, justamente, Juncker, que ainda por cima até é da sua «família política» no PE.
Na verdade, são os mesmos que têm impedido a participação dos portugueses e de outros povos nas questões de fundo da construção europeia – sejam os tratados europeus ou a criação da moeda única – e que contrariaram mesmo a opinião legitimamente expressa pelos seus cidadãos em referendos vários, que agora promoveram este embuste.
Não é que interesse muito quem designa o presidente da CE, pois é sempre o capital que o escolhe. Até porque nós daremos sempre combate às suas políticas! E agora com mais força.