Solidariedade anti-imperialista
Não vemos a denúncia dos crimes perpetrados
Sob o cínico manto do silenciamento e da premeditada deturpação da realidade levada a cabo pelos grandes meios de comunicação social «ocidentais», prossegue a brutal vaga de perseguição e de repressão contra aqueles que na Ucrânia resistem às forças golpistas e à ingerência dos EUA, da NATO e da UE que lhe dá suporte.
Após a manobra de «legitimação» do poder golpista que foi a realização de umas eleições presidenciais – onde candidatos foram vítimas de sistemática coacção e, mesmo, de agressão, sendo impedidos, objectivamente, de participar nas eleições –, as forças golpistas procuram impor o seu domínio incrementando a acção punitiva pelos grupos paramilitares fascistas – integrados ou não na «Guarda Nacional» –, contra as populações ucranianas que não se submetem.
No entanto, perante o atropelo de direitos e liberdades fundamentais – como as intimidações, as agressões e as iniciativas de proibição contra o Partido Comunista da Ucrânia e outras forças democráticas – e as sucessivas atrocidades cometidas pelo poder golpista – como o massacre em Odessa e os indiscriminados ataques de forças militares golpistas às populações –, não vemos a usual «correria» de Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, apelando à «comunidade internacional» que se una em defesa dos direitos humanos, não vemos a exigência por parte dos EUA, da NATO e da UE de resoluções do Conselho de Segurança impondo «zonas de exclusão aérea» ou sanções, não vemos a denúncia dos crimes perpetrados, mas pelo contrário, uma ampla e sistemática campanha para a sua ocultação e branqueamento e o incentivo à continuação da escalada repressiva.
É cada vez mais clara a natureza oligárquica e fascista do poder golpista, assim como a natureza popular e anti-fascista da resistência que se lhe opõe, e que tem expressão, nomeadamente, na Região do Donbas, com a proclamação das Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk. Como são cada vez mais evidentes os propósitos dos EUA em inserir a Ucrânia na sua escalada de tensão e confronto com a Federação Russa, continuando a levar a cabo a destruição dos profundos laços históricos e de amizade entre o povo ucraniano e o povo russo e procurando colocar este país sob a alçada do imperialismo.
Face aos graves desenvolvimentos da situação, assume particular significado a assinatura do Tratado da União Económica Eurasiática, entre a Federação Russa, a Bielorrússia e o Cazaquistão – que deverá entrar em vigor a 1 de Janeiro de 2015 (e ao qual se prevê ainda a adesão da Arménia e do Quirguistão) – ou a «Declaração Conjunta da Federação Russa e da República Popular da China sobre um novo estágio de parceria em ampla escala e relações estratégicas» onde, entre outros importantes aspectos, se reafirma a validade e o respeito dos princípios inscritos na Carta da ONU e se apontam significativos acordos e parcerias em diversificadas áreas, incluindo a energia.
Numa situação internacional marcada pela crise estrutural do capitalismo e pela acentuação das contradições inter-imperialistas – caracterizada por uma grande instabilidade, insegurança e incerteza –, o imperialismo, nomeadamente o norte-americano, procura não perder a iniciativa, fomentando a sua agenda de exploração, de recolonização, de ingerência e de guerra contra todos os que se oponham aos seus intentos hegemónicos.
A solidariedade e a luta anti-imperialista, pela paz e contra o perigo do ascenso do fascismo, nomeadamente com o povo ucraniano, assume toda a premência.