Cada um é o seu percurso
A candidatura patriótica e de esquerda que a CDU corporiza nestas eleições para o Parlamento Europeu corresponde aos interesses e aspirações dos trabalhadores e das classes e camadas sociais vítimas de 37 anos de política de direita de PS, PSD e CDS/PP e de 28 anos de integração capitalista na União Europeia, agravadas nos anos recentes pelos PEC e pelo pacto de agressão. Os trabalhadores e o povo sentem na pele as consequências do rumo de declínio económico, do desemprego, do brutal retrocesso dos seus direitos laborais e sociais e do aumento da exploração. O processo de empobrecimento, dependência e subordinação do País, com sucessivas abdicações de soberania nacional, é indissociável dos sucessivos saltos no processo de integração capitalista na Europa e da construção de uma superstrutura supranacional e federalista ditada pelos interesses dos grandes grupos económicos e das grandes potências como a Alemanha. Uma construção cujos tratados e acordos são incompatíveis com a Constituição da República Portuguesa e com o direito inalienável do povo português a um desenvolvimento soberano.
Sem rupturas de sentido democrático e de afirmação soberana, povos e países como Portugal estão condenados ao retrocesso económico e social permanente, ao domínio colonial da UE e às consequências da subordinação à ditadura do euro. O que o País necessita é de uma ruptura com o processo de integração capitalista que afirme o direito de Portugal a um desenvolvimento soberano, que assegure a recuperação da soberania monetária e orçamental. Um caminho que, como temos defendido, exige a preparação imediata do nosso País para uma possível reconfiguração da zona euro, para uma expulsão, implosão ou decisão de saída assumida soberanamente. E exige a renegociação da dívida, libertando o País deste garrote ao desenvolvimento económico e do saque dos rendimentos do povo e dos recursos nacionais.
O País necessita de uma mudança e de uma alternativa a sério. É essa dimensão patriótica e de esquerda de mudança que a CDU apresenta ao povo e ao País. Uma alternativa que para lá do indispensável reforço da CDU, exige a convergência dos trabalhadores, das camadas antimonopolistas e de todos os que não se resignam nem se conformam com o rumo de destruição das suas vidas e do País que PS, PSD e CDS corporizam e promovem numa plena identidade de posições em tudo o que é de mais substancial e contrário aos interesses do País. Uma postura submissa ao grande capital e às grandes potências bem expressa nas suas votações no Parlamento Europeu e na Assembleia da República.
Um rumo que exige princípios e coerência de propostas e por isso incompatível com práticas daqueles que, como o BE, não só apoiam o aprofundamento do federalismo na base da idílica «UE democrática», como ainda disparam contra a CDU (como o fez João Teixeira Lopes em artigo no sítio do BE na Internet), com mentiras e mistificações. Percebe-se o seu incómodo. Mas desferir ataques à CDU, acusando-a de ambiguidades sobre o euro e sobre a renegociação da dívida, é no mínimo falta de honestidade política, sobretudo quando essas críticas partem exactamente de quem tem, como o BE, um percurso errático e incoerente. Ao contrário do BE – que chegou tarde e a más horas à exigência da renegociação da dívida – a CDU assumiu-a desde a primeira hora como uma questão crucial. Ao contrário do BE, que teve em alguns dos seus mais proeminentes dirigentes (a começar por Louçã) defensores da permanência no euro, a CDU aponta a saída como questão necessária, exigindo a preparação para que ela não se faça – a exemplo do que foi a entrada – de acordo com os interesses dos especuladores e do grande capital, mas sim salvaguardando os interesses dos trabalhadores e do povo. Porque foi ao BE, e não à CDU, que a tentação federalista levou a votar favoravelmente na Assembleia da República a imposição do memorando da troika à Grécia e a votar favoravelmente no PE os «eurobonds», o inventivo engodo federalista que acarreta a destruição social que vem sendo seguida em Portugal. É o BE que no seu programa eleitoral defende da substituição da troika pela governação económica da UE – processo convergente com o tratado orçamental –, o qual prevê a retirada dos poderes aos parlamentos nacionais e sanções para os países não cumpridores da agenda neoliberal e anti-social do grande capital. Por tudo isto e por muitas outras razões, votar CDU no próximo dia 25 de Maio é dar força à única candidatura patriótica e de esquerda que pode contribuir para unir os portugueses na luta pela real alternativa.