Credibilidades

Manuel Gouveia

Faltam menos de três semanas para as eleições. Tudo o que Passos Coelho diz é mentira, é tudo parte de um guião escrito por agências de comunicação! Recordemos antes o que disse a três semanas das anteriores eleições, pois essa é uma fraude exposta já pela prática de três anos. O mesmo se aplica a Paulo Portas, Paulo Rangel e afins. E António José Seguro, Francisco Assis ou Jorge Coelho? Mais teatro. Como se o PEC IV não preconizasse a mesma política que o Memorando de Entendimento, e como se este não tivesse sido subscrito pelo PS.

E os comentadores autorizados, que são actores, e dos principais, nesta ópera bufa, sublinham que a «campanha sobe de tom», destacam os ferozes ataques entre PSD e PS, como se a estridência verbal não fosse um mecanismo mais para disfarçar a partilha de objectivos e de políticas, para disfarçar, por exemplo, que durante cinco anos Francisco Rangel e Paulo Assis, deputados no Parlamento Europeu, votaram, de braço dado, toda a legislação europeia estruturante, e por isso, anti-nacional e anti-laboral.

A chamada «vida política» não passa de um imenso espectáculo destinado a alimentar o logro estrutural que plesbicita a ditatura da burguesia – criando, simultaneamente, a ilusão de que se decide e a certeza de que não há alternativas.

E o povo português está cansado – e justamente – desta palhaçada. É um cansaço que transporta potencialidades e enormes perigos. Até porque a burguesia também vê esse cansaço e vai desenvolvendo mecanismos para o enquadrar, para o reciclar.

É neste quadro que é tão importante a postura do PCP, que não pretende ser a «alternativa credível», autorizada e aceite pelo sistema, que se recusa a credibilizar o espectáculo e a descredibilizar-se.

Antes quer ser, cada vez mais, o polo aglutinador para a alternativa real, transformadora, revolucionária. Que sabe que o que é preciso é que o povo português acredite em si próprio, acredite na sua capacidade de luta, acredite na força da sua unidade e organização, acredite, se una e mobilize em torno de um programa político concreto que coloque os valores de Abril no futuro de Portugal.

No dia 25 de Maio, cada voto na CDU dará mais credibilidade à alternativa.




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