Uma questão de higiene
Entrámos na recta final da batalha eleitoral das eleições para o Parlamento Europeu. Pela frente temos exactamente 15 dias de campanha eleitoral. 15 dias de intenso trabalho, de muito esclarecimento e de contacto directo com o maior número de pessoas. Essa é a grande tarefa que está colocada ao colectivo partidário, a todos e a cada um dos membros do Partido até ao dia 25 de Maio.
Derrotar o Governo e a política de direita é a saída limpa para Portugal
O quadro político em que se realizam estas eleições é complexo e extremamente exigente. Como já se pôde constatar pelo período da pré-campanha eleitoral, o conjunto de manobras políticas, de artifícios de desinformação, de silenciamento e desvalorização da CDU são as linhas com que a política de direita tenta evitar o questionamento eleitoral do seu seguro de vida – a alternância entre PSD e PS, com ou sem CDS.
Do ponto de vista da batalha ideológica, não deveremos encontrar nestas manobras nada de muito estranho. Elas correspondem à forma como o sistema tenta gerir um período eleitoral em tempos de crise desse mesmo sistema e ocorrem nas condições concretas em que uma força verdadeiramente alternativa como a CDU trava uma batalha eleitoral: diferença abismal de meios e submissão da generalidade dos órgãos de comunicação social à ideologia dominante e ao poder económico, ditando assim uma desigualdade favorável às forças do sistema, distorcendo o carácter democrático, livre e justo das eleições.
Mas se o que se disse anteriormente faz das eleições «apenas» uma batalha mais na prolongada luta do nosso Partido e um meio de luta entre vários outros com igual ou maior importância, esta constatação não retira nada à importância que todos os militantes do Partido têm que dar às eleições para o Parlamento Europeu. Da pré-campanha emergem duas realidades: a primeira é o ambiente de estímulo, de confiança e de entusiasmo que rodeia a nossa candidatura, com muitos a afirmarem votar na CDU, e muitos destes pela primeira vez. Como afirmamos muitas vezes, «o ambiente não vota» e, portanto, deveremos olhar com prudência para esta realidade; mas simultaneamente não a podemos desvalorizar, pois ela corresponde, em condições muito difíceis, a evoluções positivas na tomada de consciência política de várias camadas da população cuja importância vai para lá das eleições.
A segunda realidade é que são muitos aqueles que, agastados com a dura vida imposta pela política de direita, descrentes da dita «política», desmoralizados e cansados de alimentarem esperanças de «mudança» que depois não se concretizam, afirmam não valer a pena ir votar. É natural que assim pensem, a política que todos os dias lhes é imposta e que lhes inferniza a vida não casa com a «política» mostrada nas TV. Essa é um jogo de espelhos, de cortinas de fumo, resguardada do real debate de ideias e alimentada por gigantescas campanhas de mistificação e mentira como a da «12.ª avaliação da troika», do anúncio de Passos Coelho da mal dita «saída limpa» ou a do «apoio» dos «amigos europeus».
Sobressalto democrático
O que está em marcha com essas campanhas é muito claro. Por um lado, tenta-se esconder que três anos de pacto de agressão do PS, PSD e CDS significaram um imenso retrocesso económico e social. Por outro, partindo da mistificação de que o País está melhor e que «recupera a sua soberania», tenta-se garantir que as políticas anti-sociais e de regressão económica terão continuidade pelo menos até 2030. Volta a linguagem dos «compromissos». «Compromissos» com os «credores», «compromissos» com a União Europeia, «compromissos» com o FMI, «compromissos» decorrentes dos «acordos e tratados», compromissos que PSD e também PS juram cumprir.
Curiosamente, e à excepção da CDU, nenhum outro fala do compromisso que está em jogo nestas eleições: o compromisso com o povo. E é esta negação da democracia que faz com que muitos se sintam desiludidos com a «política». Mas a esses dizemos que as eleições não servem apenas para a avaliar a política! As eleições servem para fazer política e para fazer da política aquilo que ela deve ser: o povo a decidir de forma soberana dos seus destinos colectivos.
Por isso, temos uma tarefa a cumprir: fazer desta campanha eleitoral e das eleições um autêntico sobressalto democrático, em defesa dos direitos, do povo e do País, que ponha em causa o marasmo da política de direita. Derrotar o Governo e a política de direita, devolver esperança à política afirmando que é possível mudar radicalmente o rumo de Portugal e da Europa e afirmar os valores de Abril é a saída limpa de que o País e o povo necessitam.
O voto na CDU é no final de contas uma questão de higiene democrática para varrer o lixo da mentira, do retrocesso, da pobreza e da submissão. E para isso temos uma poderosa ferramenta: a nossa organização e o facto de termos dezenas de milhares de «candidatos» no terreno, os militantes, amigos e activistas do PCP e da CDU. Mãos à obra!