Unidade e luta pela alternativa
A Comissão Política do Comité Central do PCP emitiu, ontem, um apelo à «participação massiva» dos trabalhadores e do povo português nas manifestações do 1.º de Maio convocadas pela CGTP-IN.
Derrotar o Governo e a política de direita são exigências centrais
O apelo começa por lembrar a jornada de luta história que foi o 1.º de Maio de 1974 (cujo 40.º aniversário se assinala), que marcou o «levantamento popular que se seguiu à acção dos militares, consagrando o apoio dos trabalhadores e do povo ao processo iniciado em 25 de Abril e marcando-o com as suas reivindicações e objectivos». Por razões diferenciadas, que se prendem com a situação actual dos trabalhadores, do povo e do País», as comemorações deste ano do Dia do Trabalhador revestem-se também da «maior importância».
Chamando a atenção para os efeitos nefastos de 37 anos de política de direita, agravada nos últimos por sucessivos PEC e pelo pacto de agressão – degradação do poder de compra, das condições de vida e dos serviços públicos, aumento da exploração, do desemprego, da pobreza e da exclusão –, a Comissão Política salienta a necessidade da «ruptura com a política de direita» e afirma que «há soluções para os problemas do País»: a construção de uma alternativa patriótica e de esquerda. Hoje como sempre, acrescenta, «o futuro está nas mãos dos trabalhadores e do povo».
As manifestações do 1.º de Maio, afirma o organismo dirigente do PCP, deverão constituir uma «grande jornada pela defesa dos seus direitos, pelo aumento dos salários, incluindo o salário mínimo nacional, contra a precariedade e a desregulamentação dos horários de trabalho, pela defesa e reposição do horário das 35 horas na administração pública e pela sua aplicação progressiva a todos os trabalhadores, pela valorização do trabalho e dos trabalhadores». A manifestações devem ser, também, uma «grande demonstração de força contra a exploração e o empobrecimento, pela ruptura com a política de direita, pela demissão do Governo PSD/CDS-PP, por uma alternativa patriótica e de esquerda, pelos valores de Abril no futuro de Portugal».
No apelo salienta-se ainda o facto de esta jornada de «unidade e luta da classe operária e de todos os trabalhadores» se realizar após as comemorações dos 40 anos do 25 de Abril e antes das eleições para o Parlamento Europeu – também elas uma «grande jornada em que os trabalhadores e o povo têm no voto na CDU a forma de luta eficaz para a defesa dos seus interesses e a salvaguarda do futuro do País».
Contra a demagogia
Um dos pontos do apelo prende-se com a propalada «saída da troika», a concretizar-se em breve. Mas a verdade, como salienta o PCP, é que os «defensores e executantes dos PEC e do pacto de agressão, cada um à sua maneira, ao mesmo tempo que argumentam demagogicamente com o fim da troika, preparam a continuação da política da troika».
Em preparação, garante o Partido, estão mais cortes nos salários e pensões e nos apoios sociais; mais alterações às leis laborais (visando facilitar os despedimentos e fragilizar a contratação colectiva; novos ataques aos reformados e pensionistas e ao direito à reforma; o prosseguimento da destruição dos serviços públicos e das funções sociais do Estado; novas privatizações e amarras ao domínio do euro e da UE.
Para o PCP, «com este Governo ou outro que lhe dê continuidade», não há pós-troika. Isso ficou, aliás, expresso no propósito de «garantir que os especuladores possam continuar a ter intervenção directa no País com missões especiais de seis em seis meses até 2038».