«Que ninguém vá ao engano»
Silva Pereira (SP), ex-editor de informação da TVI e ex-ministro da Presidência do PS/Sócrates, está a relançar a carreira para deputado do PS no Parlamento Europeu. Primeiro foi a entrevista ao Expresso em que disse que não há «socratistas», ou «guterristas», «o que existe é o PS», como quem diz, estou cá para servir V. Exas, e logo depois foi a colaboração regular no Diário Económico, em que se estreou com um texto sugestivo, «A narrativa Comunista». Sim, porque é preciso retribuir a nomeação para o PE e, por convicção ou serviço, fazer as tarefas mais sujas. A coisa promete, o homem vai longe.
O texto não contém novidades. SP faz a revisitação das calúnias anticomunistas e das aldrabices do PS de todos estes anos, mas tem a relevância de ser a demonstração clara do «pensamento» político, da orientação e da estratégia do PS.
SP lança as linhas mestras da campanha de mentiras do PS contra o PCP e a CDU: há «complacência», isto é, há que mentir ainda mais sobre o que dizem os comunistas, sem escrúpulo democrático; o PCP tem um «programa revolucionário» e de «superação do sistema capitalista» – ai que medo, vem aí a «ditadura do proletariado»; o PCP faz «uma política de terra queimada», isto é, o PS não é um dos responsáveis pelo desastre, foi o PCP que não está no Governo há trinta e sete anos; o PCP «boicota a unidade de esquerda», isto é, não foi o PS que sempre governou com e à direita e/ou apoiou a direita, foi o mauzão do PCP que nunca aceitou ser bengala de esquerda da política de roubo, desastre e declínio nacional.
E continua SP: o PCP votou contra o PEC IV e veio a «ingerência do FMI», isto é, não foram os PEC que prepararam e os banqueiros e o PS/PSD/CDS que decidiram o pacto de agressão, e não foi o PCP que se opôs à roubalheira; o PCP é «irrealista» contra a integração capitalista europeia e pela renegociação séria da dívida e o controlo de sectores estratégicos da economia – crimes bárbaros contra o grande capital e os seus serviçais, que nos trouxeram a este paraíso terrestre.
Fica assim mais claro que a «mudança» dos cartazes do PS não existe. SP e PS querem que tudo fique na mesma, ou seja, que fique cada vez pior. É preciso «avisar toda a gente», «para que ninguém vá ao engano».