Acção nacional de contacto pela elevação da militância

Tarefa de todo o Partido

João Frazão (Membro da Comissão Política)

Entre as de­ci­sões do XIX Con­gresso avul­tava a con­cre­ti­zação de uma acção geral e in­te­grada de re­forço do Par­tido, questão cen­tral para ga­rantir a ade­quada res­posta à ofen­siva da po­lí­tica de di­reita que, pela mão das troikas na­ci­onal e es­tran­geira, se abate sobre os tra­ba­lha­dores e o povo.

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Entre as ta­refas e li­nhas de tra­balho dessa ori­en­tação está a «re­a­li­zação duma acção de con­tacto com os mem­bros do Par­tido (...) vi­sando, além da ac­tu­a­li­zação de dados, a con­cre­ti­zação de uma vasta acção de or­ga­ni­zação, es­tru­tu­ração par­ti­dária, ele­vação da mi­li­tância, alar­ga­mento da as­sumpção de res­pon­sa­bi­li­dades e in­ten­si­fi­cação da in­ter­venção», que o Co­mité Cen­tral, na sua reu­nião de De­zembro, de­cidiu levar a cabo du­rante este ano de 2014, as­so­ci­ando-a à dis­tri­buição do novo cartão do Par­tido.

Esta acção in­clui a dis­tri­buição do novo cartão mas não se re­sume a isso, a cada mi­li­tante do Par­tido deve cor­res­ponder uma con­versa que ga­ranta a ac­tu­a­li­zação de dados, de­sig­na­da­mente das formas de con­tacto, com vista a per­mitir a fa­ci­li­tação do con­tacto do Par­tido com cada mi­li­tante, e a sua con­vo­cação para reu­niões, ple­ná­rios e ini­ci­a­tivas, e, por outro lado o alar­ga­mento da di­fusão da im­prensa do Par­tido, o Avante! e O Mi­li­tante, ins­tru­mentos es­sen­ciais para en­frentar a brutal ofen­siva ide­o­ló­gica com que, todos os dias, somos con­fron­tados pelos mais di­versos meios à dis­po­sição da bur­guesia; que pro­cure co­nhecer os in­te­resses e as dis­po­ni­bi­li­dades de cada ca­ma­rada para as ta­refas do Par­tido, mas que não se fique por aí, pro­pondo ao ca­ma­rada ta­refas, das mais sim­ples às de mai­ores res­pon­sa­bi­li­dades, numa linha de grande ou­sadia, e a sua in­te­gração numa or­ga­ni­zação, pre­fe­ren­ci­al­mente a do seu local de tra­balho, per­mi­tindo uma mais ade­quada es­tru­tu­ração do Par­tido.

Uma con­versa que acerte com cada um o valor da sua quo­ti­zação e a forma de pa­ga­mento, par­ti­cu­lar­mente para casos mais iso­lados ou com mai­ores di­fi­cul­dades de con­tacto re­gular, de­sig­na­da­mente a trans­fe­rência ban­cária. Tal im­plica, na­tu­ral­mente, um tra­balho prévio para co­nhecer, com rigor, a si­tu­ação de cada mi­li­tante e para ela­borar as pro­postas de re­gu­la­ri­zação mais ade­quadas; que iden­ti­fique os pro­blemas sobre os quais o mi­li­tante con­si­dera que o Par­tido deva pro­nun­ciar-se ou in­tervir, no sítio onde ha­bita, no local de tra­balho, ou re­la­ti­va­mente aos ser­viços pú­blicos que fre­quenta. Mas que aponte logo o ca­minho da mo­bi­li­zação dos ou­tros mo­ra­dores, dos ou­tros utentes, dos tra­ba­lha­dores na exi­gência e re­cla­mação da re­so­lução de tais pro­blemas.

Uma con­versa que si­na­lize, entre os seus co­nhe­cidos, pa­rentes, vi­zi­nhos, amigos, co­legas de tra­balho, os que podem ser con­tac­tados para aderir ao Par­tido e à JCP, num tempo em que cada vez mais ho­mens e mu­lheres iden­ti­ficam, nesta força de 93 anos, o único elo de es­pe­rança e con­fi­ança para a der­rota deste rumo de de­sastre. Mas que, de ime­diato, ga­ranta a res­pon­sa­bi­li­zação do mi­li­tante por al­guns desses con­tactos, o que im­plica ficar com fi­chas de ins­crição no Par­tido na sua posse.

Uma con­versa que re­fe­rencie as or­ga­ni­za­ções de massas de que faz ou de que po­derá vir a fazer parte (sin­di­catos, co­lec­ti­vi­dades, co­mis­sões de mo­ra­dores, as­so­ci­a­ções de re­for­mados, co­mis­sões de utentes, etc.), e que con­si­dere as pos­si­bi­li­dades de um maior en­vol­vi­mento na vida dessas es­tru­turas con­tri­buindo para o seu re­forço.

Ta­refa imensa

Fa­cil­mente se per­ce­berá que é de uma ta­refa imensa de que es­tamos a falar. Às ques­tões já re­fe­ren­ci­adas jun­tamos ainda a va­lo­ri­zação do Pro­grama e dos Es­ta­tutos apro­vados no XIX Con­gresso – guias es­sen­ciais para a in­ter­venção diária dos co­mu­nistas –, da Fo­to­bi­o­grafia de Álvaro Cu­nhal – no­tável obra que per­petua as co­me­mo­ra­ções do cen­te­nário do seu nas­ci­mento e que, fa­zendo jus ao lema cen­tral «Vida, Pen­sa­mento e Luta. Exemplo que se pro­jecta na ac­tu­a­li­dade e no fu­turo», nos traz não apenas o seu per­curso en­quanto homem, co­mu­nista, re­vo­lu­ci­o­nário, ar­tista e in­te­lec­tual, mas os traços es­sen­ciais da his­tória de Por­tugal e da luta do povo Por­tu­guês ao longo do sé­culo XX e neste início do sé­culo XXI, ou ainda da Festa do Avante! e da ne­ces­si­dade da compra an­te­ci­pada da EP.

Ta­refa imensa a exigir uma cui­da­dosa pre­pa­ração e pla­ni­fi­cação com a sis­te­ma­ti­zação da in­for­mação re­la­tiva a cada membro do Par­tido; com a cons­ti­tuição das equipas que, di­a­ri­a­mente, vão a casa dos ca­ma­radas fazer estas con­versas; com a sis­te­ma­ti­zação da in­for­mação re­co­lhida; com o con­trole de exe­cução re­la­ti­va­mente às ta­refas que fi­caram pen­dentes; com a cir­cu­lação da in­for­mação para dar o de­vido se­gui­mento às múl­ti­plas ques­tões que um con­tacto destes pode sus­citar.

Não por acaso, o Par­tido de­cidiu con­cen­trar par­ti­cu­lares es­forços na di­na­mi­zação desta acção até às elei­ções para o Par­la­mento Eu­ropeu. Pelas pos­si­bi­li­dades que abre de mo­bi­lizar a sua in­ter­venção para ga­nhar mais apoios e mais votos na CDU a 25 de Maio, con­dição in­dis­pen­sável para a der­rota da po­lí­tica de di­reita e para abrir ca­minho a uma po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda.

Ta­refa imensa, sim, mas que é não só ne­ces­sária como in­con­tor­nável para um Par­tido mais or­ga­ni­zado, mais forte e mais in­ter­ven­tivo.

 



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