Meio milhão com zero horas
O gabinete oficial de estatísticas britânico reconheceu que o número de contratos com zero horas é afinal muito superior ao anteriormente estimado.
Como noticia o diário The Independent, na edição de segunda-feira, 10, a autoridade estatística decidiu alterar o método de recolha de informação, e de imediato os dados oficiais, que indicavam a existência de 250 mil contratos deste tipo, passaram a assinalar mais do dobro, ou seja, um total de 582 935 pessoas que trabalham sem qualquer garantia salarial.
A mitigação estatística deste fenómeno já tinha sido denunciada no ano passado pela organização Chartered Institute of Personnel and Development, que calculou em um milhão o número de indivíduos abrangidos por estes contratos.
O reconhecimento oficial de um universo de explorados muito maior do que antes se dizia vem aumentar a pressão sobre o governo conservador para que imponha mais restrições à utilização abusiva destes contratos desumanos.
Legalmente, os assalariados nesta modalidade tem de estar disponíveis 24 horas por dia, sem nunca saberem quando serão chamados a apresentar-se no local de trabalho. Em média ganham 236 libras (282 euros) por semana, muito abaixo do salário médio de 557 libras.
Inicialmente, este tipo de vínculo foi criado para estudantes e idosos, mas depressa alastrou a todo o tipo de trabalhadores em busca de sustento.