A Europa dos milagres!
A Europa foi invadida por discursos sobre o fim da austeridade e por pregões de «milagre!».
Na Hungria o primeiro-ministro Viktor Orbán proclama que há «um verdadeiro milagre económico» (enquanto fontes próximas do poder húngaro fazem declarações públicas dizendo «os ciganos são animais que não devem conviver com os humanos, nem sequer deviam existir»). É assim a democracia à húngara!
«Limpa» dizem, foi a saída da Irlanda. «Limpos», de facto, foram os 89,5 mil milhões de euros do erário público irlandês entregues aos bancos (irlandeses, franceses, suíços, alemães, e claro, como não podia deixar de ser, para a Goldman Sachs. A saída «limpa» da Irlanda inclui também 27% de jovens no desemprego, 300 000 emigrantes, a descida do abono de família, do subsídio de desemprego, o triplicar do valor das propinas e o triplicar do desemprego, etc.
Afinal parece que os únicos que «saíram» bem, foram os banqueiros.
Em Espanha também Mariano Raroy declarou o fim da austeridade. Esqueceu um «pormenor»: os cinco milhões de desempregados para quem não há maior austeridade do que não ter um trabalho e um salário.
O milagre em Portugal chegou pela boca de Pires de Lima. Por cá o «milagre» é tão grande que o Governo até pode desperdiçar em juros 50 milhões de euros por mês contraindo dívida de que não precisa no imediato. Fica uma dúvida, com tanto desperdício de dinheiro não se percebe por quê o Governo foi assaltar ainda mais os bolsos dos funcionários públicos e dos reformados. É a tentação da saída à Irlandesa como eleitoralmente convém.
Até na Grécia, Antonis Samaras fala do fim da austeridade e numa saída à Irlandesa!
A razão destes discursos, destas mentiras em que só os próprios acreditam tem um nome – medo. Medo das consequências eleitorais das desastrosas políticas que, um pouco por toda a Europa, transformaram os pobres em miseráveis, os remediados em pobres, e os ricos em ainda muito mais ricos. Um verdadeiro el dourado para o capital financeiro e para os banqueiros.
Como diz o ditado quem semeia ventos colhe tempestades e tudo leva a crer que alguns políticos na Europa vão ficar no desemprego porque o discurso dos neoliberais está esgotado.