Aprofunda-se o ataque
A pretexto da discussão sobre as praxes académicas, o Ministério da Educação reuniu, na passada semana, com algumas associações de estudantes e federações para desviar as atenções do aprofundamento de problemas estruturais no Ensino Superior e do aumento do ataque brutal que este está a sofrer.
«Este Governo não ouve, nem nunca ouviu os estudantes»
«Este Governo não ouve, nem nunca ouviu os estudantes, e, sob este pretexto dissimulado, não só procura distrair os estudantes das consequências da sua política, como se prepara para acentuar o ataque à democracia nas instituições de Ensino Superior», denuncia a JCP, dando conta da intenção do Executivo de instituir um «Estatuto do Estudante do Ensino Superior», um regime disciplinar que «limitará a acção dos alunos, a sua capacidade de organização, com base numa revisão ao já injusto Regime Jurídico de Instituições de Ensino Superior (RJIES)».
Para os jovens comunistas, esta estratégia do Governo é uma forma de avançar não só com a delegação de poderes disciplinares e sancionatórios nas direcções das instituições, como ignora o quadro legal em que qualquer acção dos estudantes se enquadre.
«Este estatuto é apresentado como um contributo para a Reforma ao Ensino Superior, que é o mesmo que dizer que esta medida em si dá força à lógica de destruição da rede de Ensino Superior, pervertendo o seu funcionamento e função social», acusa a JCP, recordando que o Executivo PSD/CDS já cortou, só no Ensino Superior, mais de 700 milhões de euros.
«Esta política de cortes na acção social escolar e de propinas, que claramente pretende aprofundar, traça um caminho que obrigou milhares de estudantes a desistirem do seu curso e avançou com o desinvestimento no futuro do País e no empobrecimento da democracia», salientam os jovens comunistas, alertando para o «aproveitamento político que se está a fazer de uma situação mediática para fazer esquecer e aprofundar o ataque à democracia nas instituições de Ensino Superior, que conta com a conivência de alguns sectores do movimento estudantil».