Manifestações na Bósnia-Herzegovina

Revolta popular

Fartos de pobreza, desemprego, corrupção e negócios ruinosos para o país, milhares de bósnios saíram às ruas exigindo um novo governo com uma outra política.

Os protestos iniciados em Tuzla alastraram a dezenas de cidades

As movimentações sociais que desde quarta-feira, 5, se registam em dezenas de cidades iniciaram-se em Tuzla e alastraram rapidamente a todo o território de 3,7 milhões de habitantes. No outrora bastião industrial da ex-Jugoslávia, a miséria provocada pelos baixos salários e pelo desemprego – o qual, por sua vez, resultou da entrega e desmantelamento do aparelho produtivo – fez transbordar os protestos.

O povo de Tuzla uniu-se aos trabalhadores das unidades fabris estatais encerradas ou em estado de falência (cujos salários ou não têm sido pagos ou têm-no sido com irregularidade) e aos jovens desempregados, formando uma torrente de denúncia dos negócios de delapidação do património público. A situação económica e social do país e a acumulação de rendimentos faraónicos por parte dos governantes foram igualmente criticados pelos manifestantes, que exigiram um novo governo com uma outra política e o julgamento dos «criminosos económicos».

Reivindicações partilhadas pela maioria da população, daí o desencadeamento, aparentemente espontâneo, de acções de conteúdo semelhante envolvendo centenas de milhares de pessoas em todo o país, noticiaram agências informativas.

Sexta-feira, 7, os protestos degeneraram em confrontos com a polícia e em actos de vandalismo contra edifícios públicos e sedes dos partidos nacionalistas muçulmano e croata. Episódios violentos particularmente graves em Tuzla, Mostar, e na capital, Sarajevo.

Razão

A taxa oficial de desemprego na Bósnia-Herzegovina é de 27,5 por cento, mas admite-se que esta supere os 40 por cento, castigando em especial a juventude, estrato onde se estima que o flagelo atinja os 60 por cento. O salário médio é de 420 euros e um em cada cinco bósnios encontra-se abaixo do limiar da pobreza. Neste contexto, e a somar às dissensões que já se verificam no pesado e complexo aparelho federal e local tripartido entre muçulmanos, sérvios e croatas, vários responsáveis vieram admitir a legitimidade do descontentamento social.

O ministro do Interior, Fahrudin Radonic, considerou que na rua estão «os filhos dos que não têm dinheiro para comprar pão» e concluiu que «este é o resultado de 17 anos de má governação» e do processo de «privatizações saqueadoras».

Já o representante croata na presidência da Federação, admitiu, por seu lado, que o povo não protesta por razões étnico-religiosas, mas contra «a desgraça, a miséria e a injustiça que o oprime com persistência».




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