Urgências nocturnas na Grande Lisboa

Modelo não serve as pessoas

Pôr fim à reorganização incrementada pelo Governo nas urgências nocturnas da Grande Lisboa, que em nada melhorou a prestação deste serviço à população, era o objectivo de um diploma do PCP, que a maioria PSD/CDS-PP chumbou sexta-feira passada.

Doentes estão sujeitos a esperar mais para ter um atendimento especializado

Com este projecto de resolução a bancada comunista pretendia simultaneamente abrir um processo de discussão para que a rede seja dotada da capacidade de resposta adequada às necessidades das pessoas.

Em causa a decisão do Governo de concentrar algumas especialidades (oftalmologia, otorrino, cirurgia plástica maxilo-facial, cirurgia vascular, neurologia, gastroenterologia, cardiologia de intervenção, cirurgia cardíaca e psiquiatria) no período nocturno no Hospital de Santa Maria e no Hospital de S. José. Estes hospitais, com a imposição deste modelo rotativo, têm assim de dar resposta a 25% da população do País, no período nocturno.

Decisão que foi tomada à margem dos profissionais de saúde e dos utentes, sem qualquer fundamentação técnica ou científica, como assinalou a deputada comunista Paula Santos.

Uma alteração à rede de urgência na Área Metropolitana de Lisboa que na perspectiva da parlamentar do PCP «não tem nenhum fio condutor», constituindo uma «medida isolada que não está enquadrada em nenhuma avaliação, em nenhum estudo».

Em defesa do Governo, depois de ter dito que «não fazia sentido tantos médicos especialistas estarem de prevenção, não presencial, durante períodos nocturnos», quando se pode «centralizar a sua actuação em centros de excelência e de resposta rápida», o deputado do PSD Ricardo Baptista Leite (que não teve uma palavra para as dificuldades que se colocam aos doentes) defendeu que a reforma em curso «resolve e antecipa problemas concretos, garantindo simultaneamente uma gestão mais responsável dos recursos disponíveis».

Maior confusão

Ora o que a experiência nestes meses veio mostrar é que a concentração de algumas desta especialidades no serviço de urgências no período nocturno não melhorou a acessibilidade dos doentes aos cuidados de saúde.

Criou, sim, «mais confusão aos doentes, mais confusão no funcionamento dos serviços», criticou Paula Santos, que disse ainda não ter sido levado em conta neste processo os sacrifícios que esta medida coloca às pessoas, nem os custos acrescidos que representa.

Em resposta ao deputado laranja, Paula Santos deu exemplos concretos das dificuldades acrescidas, citando, entre outros, a posição da Ordem dos Médicos depois de visita ao Hospital Garcia de Orta (identificada a falta de resposta de ambulâncias para transporte de doentes para Lisboa, agravando assim a situação dos serviços), ou a situação criada a doentes do foro psiquiátrico que entram no Hospital de Setúbal sexta-feira e ficam até segunda-feira à espera de médico.

Acusou por isso o Governo de se «esquecer», por um lado,

da saúde dos utentes e, por outro lado, dos custos acrescidos que resultam da transferência de doentes duns hospitais para outros.

Paula Santos criticou ainda o aumento de espera no atendimento, com a ida de hospital para hospital, que leva a que o doente seja obrigado a esperar mais para ter um atendimento especializado.

Acresce que esta medida não foi acompanhada do reforço de meios nestes hospitais, com a agravante de que se reduziram os internamentos e as equipas.

 



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