1914-1918

Filipe Diniz

Passam 100 anos sobre o início da I Grande Guerra (1914-1918). Para os comunistas e para a toda humanidade progressista os acontecimentos de há cem anos e o mundo que se lhes seguiu permanecem um tema central de estudo.

Em «A era dos extremos», o historiador marxista Eric Hobsbawm destaca importantes aspectos da colossal ruptura que a guerra de 1914-1918 representou: «Em 1914 não havia uma grande guerra há um século […]. Não houvera, em absoluto, guerras mundiais […]. Tudo isso mudou em 1914. A Primeira Guerra Mundial envolveu todas as grandes potências […]. Essa guerra, ao contrário das anteriores, tipicamente travadas em torno de objectivos específicos e limitados, travava-se por metas ilimitadas […]. A política e a economia tinham-se fundido […]. As ‘fronteiras naturais’ da Standard Oil, do Deutsche Bank ou da De Beers Diamond Corporation eram no fim do universo, ou melhor, nos limites da sua capacidade de expansão».

Efectivamente, é na obra de Lénine, nomeadamente na análise do imperialismo e do processo de partilha do mundo «entre as associações de capitalistas» que essa imensa tragédia encontra elementos fundamentais de compreensão. A identificação leninista do imperialismo não parte do seu historial de agressões militares e de ocupação de territórios. Reside na análise do «grau de concentração mundial do capital e da produção». Não é a guerra que caracteriza o imperialismo. É o imperialismo que conduz às guerras, como as que marcam tragicamente todo o século XX.

O desencadear da Primeira Guerra Mundial teve uma profunda repercussão no movimento operário. Por um lado, com a traição da II Internacional. Por outro lado, porque contribuiu para a criação das condições políticas, sociais e históricas que conduziram à Revolução de Outubro de 1917. Cujas primeiras medidas são sobre a terra, sobre o pão e sobre a paz.

Em 2014, como em 1914, a luta contra a guerra e pela paz é uma das batalhas centrais da luta entre a grande massa dos explorados da terra e o pequeno punhado de exploradores que tem na guerra um dos instrumentos da sua dominação global.




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