Mantém-se a luta nos CTT
Três quartos dos trabalhadores dos CTT fizeram greve, dia 27, em protesto contra a privatização da empresa, em defesa do serviço público, dos direitos e remunerações.
Vai haver 60 milhões de euros de lucro em 2013
De acordo com os dados do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT/CGTP-IN), a jornada correspondeu às expectativas com uma taxa de adesão de 75 por cento, que foi crescendo dos turnos da noite para os diurnos e os seus efeitos foram evidentes em Lisboa. Aqui, muitas lojas mantiveram-se abertas quase só com chefias e a distribuição de correspondência foi seriamente afectada, disse à Lusa o secretário-geral do sindicato, Vítor Narciso.
O SNTCT convocou, ao longo do ano de 2013, diversas lutas relacionadas com questões remuneratórias – salários, subsídios, diuturnidades, trabalho suplementar, ajudas de custo e de transportes –, com a progressão nas carreiras, em defesa do emprego e dos direitos dos trabalhadores no activo e aposentados. Realizou, ainda, uma caravana por todos os distritos do País contra a privatização dos CTT, iniciativa que terminou, em Lisboa, a 9 de Outubro com uma tribuna pública e uma manifestação.
A entrega a privados da exploração do serviço postal foi concretizada recentemente, com a alienação de 70 por cento do capital da empresa pública. O Estado mantém 30 por cento, mas o Governo não esconde a intenção de se desfazer também desta parcela pública.
Na oferta pública de venda, a operação rendeu, de acordo com dados oficiais, 115,3 milhões de euros. Estão previstos cerca de 60 milhões de euros de lucro para o exercício de 2013.
Neste contexto, o SNTCT justifica a greve da passada sexta-feira como sendo o seguimento da luta contra o congelamento salarial, contra a intenção de extinção do Instituto de Obras Sociais e a passagem dos beneficiários para a ADSE, contra a diminuição dos postos de trabalho e a destruição dos direitos dos trabalhadores e contra a privatização final dos CTT.
Fôlego para continuar
No documento de mobilização para a paralisação de dia 27, o SNTCT sublinhou que, num comunicado do Conselho de Administração, este veio confirmar que os trabalhadores tinham razão quando lutaram contra as medidas que violavam o Acordo de Empresa. Refere, nomeadamente, salários, subsídios de férias e de Natal, diuturnidades, promoções e progressões nas carreiras e trabalho suplementar, e apela a que os trabalhadores se mantenham atentos e unidos, exigindo a reposição da legalidade.
O sindicato indica, igualmente, as reivindicações em matéria de salários para 2014, a apresentar ao CA dos CTT, detalhando que, face ao congelamento imposto desde 2009 e à diminuição dos salários reais dos trabalhadores em dez por cento, em 2013, exige-se uma valorização de quatro por cento nos vencimentos inferiores a 1779,90 euros com um mínimo de 35 euros, e de igual taxa nas diuturnidades, subsídio de refeição e outros complementos com expressão pecuniária.
O SNTCT garante, também, que não abdica de que seja colocado «preto no branco que não haverá alterações no IOS», e alerta para a necessidade de manter a mobilização para que, em Fevereiro, a assembleia de accionistas não defina políticas contra os direitos dos trabalhadores no activo e aposentados, e atentatórias do serviço público postal.