Trabalho pior e mais barato
A CGTP-IN acusou o primeiro-ministro de, na sua mensagem de Natal, ter manipulado os dados relativos ao emprego.
O primeiro- -ministro manipulou os números do emprego
Num comunicado de dia 27, a Intersindical recorda as declarações de Pedro Passos Coelho, segundo o qual «o emprego começou a crescer e, em termos líquidos, até ao terceiro trimestre foram criados 120 mil postos de trabalho», acusando-o de mentir. Para a central sindical, tal afirmação omite a destruição de cerca de 98 mil empregos ocorrida no primeiro trimestre de 2013. A evolução líquida do emprego saldou-se nuns meros 22 mil postos de trabalho criados. Mas nem isto diz tudo, pois, para a CGTP-IN, «tão importante como conhecer a evolução global e líquida do emprego é avaliar a natureza dos empregos que estão a ser criados».
Uma análise mais fina destes dados permite concluir que foram criados perto de 50 mil empregos não permanentes (contratos a termo e outros), ao mesmo tempo que se verificou uma diminuição de cerca de 37 mil empregos com contratos permanentes, isto é, sem termo. Daqui se conclui que, paralelamente ao aumento do emprego houve um processo de «substituição de trabalhadores com contratos permanentes por trabalhadores com vínculos precários», denuncia a Inter.
A CGTP-IN recorda ainda que também cresceu o número de trabalhadores familiares não remunerados – mais 5,4 mil – o que representa nada mais, nada menos, do que «um quarto do total do emprego líquido criado em 2013».
Mas há mais razões para contestar o optimismo do Governo. Avaliando a variação do emprego por sectores nos três primeiros trimestres do ano, garante a CGTP-IN, verifica-se que quase todas as actividades económicas perdem emprego, com destaque para a educação e a construção. A criação de emprego dá-se em algumas actividades de serviços, nomeadamente no alojamento e restauração, com forte componente sazonal, e fundamentalmente no terceiro trimestre.
Cada vez pior
Retirando conclusões dos dados a que o Primeiro-ministro, de forma mistificatória, se referiu, a central sindical lembrou que não só a evolução do emprego líquido foi apenas de 22 mil nos primeiros três trimestres – e não 120 mil, como Passos Coelho afirmou – como os empregos criados «correspondem a empregos precários, de baixa qualidade, constituindo, na sua esmagadora maioria, uma antecâmara para novos despedimentos». Além disso, acrescenta a Inter, estes empregos têm, na generalidade, «baixos salários», sendo que alguns nem remunerados são. Também a emigração não cessou de aumentar neste período.
Para a Intesindical, o País «continua refém de um modelo de baixo valor acrescentado», que importa alterar o quanto antes. A bem dos «trabalhadores, da produção nacional, do desenvolvimento económico e social do País».