«Álvaro Cunhal e o papel do conhecimento, da educação e da cultura na luta por uma sociedade mais justa, democrática e desenvolvida» foi o lema da sessão que teve lugar no sábado em Setúbal, promovida pela Coordenadora Regional de Setúbal dos Professores do PCP. Participaram dezenas de pessoas de toda a Península de Setúbal, na sua maioria com ligação à educação e à cultura, nomeadamente membros de direcções e conselhos gerais de escolas e agrupamentos, activistas de associações de pais, autarcas, professores e outros profissionais da educação. A sessão contou com as intervenções de Jorge Pires, da Comissão Política, de Paula Santos, membro da Direção da Organização Regional de Setúbal do PCP e deputada, e de Pedro Pina, vereador na Câmara de Setúbal.

Nas várias intervenções sobressaiu a ideia de que Álvaro Cunhal, para além da sua dedicada e fascinante actividade política (e em relação com ela) foi também um pensador brilhante, profundamente dedicado ao conhecimento e à cultura. Na sua luta ímpar contra a ditadura, as injustiças e a exploração, salientou-se igualmente, teve sempre presente que o conhecimento, a educação e a cultura eram elementos fundamentais da libertação, do progresso e da emancipação humana. Para que assim fosse (e para que assim seja) não poderiam estar reservados a uma elite, mas sim serem colocados ao serviço da humanidade, acessíveis ao povo.

Na véspera, tinha tido lugar no Salão Nobre da Junta de Freguesia de Santa Maria da Feira um debate sobre «Democracia para o Ensino – Ensino para a Democracia», igualmente integrado nas comemorações do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal. A sessão foi moderada por Filipe Moreira, estudante universitário e eleito da CDU na Assembleia Municipal, e contou com as intervenções de Manuela Silva e Francisco Gonçalves, ambos professores e dirigentes sindicais, e de Jorge Pires, da Comissão Política.

Depois de ambos os docentes terem caracterizado a evolução do ensino em Portugal nos anos do fascismo, durante a revolução e, agora, perante a fúria destruidora de sucessivos governos, o dirigente do PCP realçou a importância do debate ali travado, num momento em que se abate sobre a escola pública uma ofensiva política e ideológica sem paralelo. Esta, salientou Jorge Pires, expressa-se, entre outras questões, no encerramento de milhares de escolas, na concentração de alunos em mega-agrupamentos e em cortes orçamentais cada vez maiores.

Todas as intervenções salientaram o contributo inestimável de Álvaro Cunhal para a democratização do ensino, com toda a sua intensa intervenção política e elaboração teórica, indissoluvelmente ligadas ao PCP. Para Cunhal, como para Bento de Jesus Caraça, a educação deveria contribuir e conduzir à «formação integral do indivíduo».