Estado financia despedimentos no BCP

Três mil milhões no bolso, milhares para a rua

O PCP considera escandalosa a transferência de três mil milhões de euros do fundo para a recapitalização da banca para os cofres do Millennium/BCP, que se prepara para despedir milhares de trabalhadores.

Milhões para salvar banqueiros e despedir trabalhadores

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Numa nota do seu Gabinete de Imprensa, de dia 13, o PCP denuncia que o processo de recapitalização do banco serve apenas e só para «salvar os banqueiros, levando associada uma condição imposta pela Comissão Europeia e aceite pelo Governo português: a de implementar um plano de “reestruturação”, que inclui o despedimento de milhares de trabalhadores, o corte de direitos laborais e o encerramento de dezenas de balcões». O PCP reafirma que «deviam ser os accionistas do banco a assumir integralmente a recapitalização do BCP, já que ao longo dos anos receberam milhares de milhões de euros em lucros e dividendos». Só entre 2004 e 2009, os lucros do banco rondaram os 3500 milhões de euros (grande parte dos quais transferidos para o estrangeiro).

Para o PCP, não deixa de ser revelador que o Governo disponibilize tão elevada quantia para promover o aumento do capital social de um banco privado e não para a colocar «ao serviço da economia real, nomeadamente através da abertura de linhas de crédito para as micro, pequenas e médias empresas». Assim se prova que, ao contrário do que o Governo afirmou, o fundo de recapitalização da banca não foi criado para «proteger os clientes, mas sim os banqueiros». No seu comunicado, o Partido denuncia ainda que, tal como sucede noutros bancos que acederam à ajuda do Estado para se recapitalizarem (como o BPI ou o BANIF), parte do dinheiro continuará a ser aplicado na actividade especulativa.

O PCP rejeita ainda o argumento avançado pela administração para justificar esta operação: a situação económica da empresa que, alegadamente, «não é boa». Porém, lembra o Partido, esta preocupação não está presente «quando se trata dos salários e outras remunerações dos administradores. Só os sete administradores executivos custam ao BCP, em salários e outras remunerações, mais de dois milhões e trezentos mil euros/ano».

Despedimentos atrás de despedimentos

Se, para o PCP, é condenável este envolvimento do Estado nos processos de recapitalização dos bancos, este processo tem contornos ainda mais escandalosos. A começar pela chantagem que a administração do Millennium/BCP está a exercer sobre os seus trabalhadores no sentido de que estes aceitem uma redução salarial entre os cinco e os 10 por cento. Em troca seriam despedidos «apenas» entre 400 e 500 trabalhadores e não 1200.

No seu comunicado, o PCP lembra ainda que o BCP, entre 2004 e 2013, passou de 12130 trabalhadores para pouco mais de 8000; e que só entre Setembro de 2012 e Setembro de 2013 saíram da empresa mais de 1100 outros. Além disso, acrescenta-se, está-se perante um banco que, «ao longo da sua existência, se tem caracterizado por uma gestão agiota, com resultados que foram, durante muitos anos, sustentados na especulação financeira e no investimento em actividades de maior rentabilidade, mas sem grande efeito reprodutor – caso da construção civil – que levou a aumentos ainda maiores das taxas de juro, contribuindo assim para a destruição do tecido económico produtivo».

Face a tudo isto, o PCP exige que seja travado o processo de despedimento colectivo que está em preparação e que tanto o BCP como os outros bancos que usufruíram – indevidamente – de apoios públicos sejam obrigados a aumentar o valor das linhas de crédito às micro, pequenas e médias empresas, «fazendo chegar, desta forma, o dinheiro à economia real». O PCP apela ainda aos trabalhadores da empresa que, com a sua luta, respondam a mais esta ofensiva contra os seus direitos, intervindo de forma determinada na defesa dos seus postos de trabalho e dos seus salários.




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