«Guerra Psicológica»

Carlos Gonçalves

O conceito de «guerra psicológica» foi vulgarizado em Portugal, nos anos 60 do século XX, com a guerra colonial. O seu uso na história da humanidade remonta à «Arte da Guerra» de Sun Tzu, mas foi alçada a política de Estado pelo «Ministério da Consciencialização Pública e Propaganda» de Goebbels na Alemanha nazi, e é hoje definida pelo Pentágono como «uso planeado de propaganda ou outras acções psicológicas com o objectivo de influenciar as opiniões, emoções e comportamento de grupos hostis (ou amigos), de forma a alcançar os objectivos». A «psywar» é um instrumento do terrorismo de Estado USA, que realiza «operações de bandeira falsa», isto é, provocações usando símbolos do «inimigo», «contra-informação», condicionamento e esmagamento mediático da verdade, etc.

Hoje, em Portugal, muitas linhas de intervenção ideológica, propaganda e acção política das forças ao serviço do capital financeiro deixaram de se situar no plano da luta das ideias e transferiram-se para o patamar da «guerra psicológica», concebida e concretizada na base da mentira, da manipulação mediática, ocultação e provocação sistemática contra os trabalhadores e a luta, contra os comunistas e as propostas de política alternativa. Nos gabinetes de Passos e Portas – centrais de contra-informação e marketing político – acotovelam-se espiões, criativos e assessores, «spin doctors» (doutores em aldrabice), cuja actividade fundamental é a intrujice em massa.

Por aí passa a operação de branqueamento do Orçamento, com a treta de que Passos e Portas estão a «defender o País» porque ainda não exterminaram a Administração Pública e só «afectam» quem ganha a «exorbitância» de 675 euros ou mais, e conseguiram esta «vitória» contra o FMI, que queria cortes maiores. Passa a campanha de «choque e pavor» contra o Tribunal Constitucional, para que legitime o roubo organizado e rasgue a Constituição. E passa a gestão das notícias do «2.º resgate», para impor a «inevitabilidade» da continuação do saque, com novo nome – «programa cautelar» ou ... tanto faz.

Tal como a ofensiva de concentração e centralização do capital, a guerra psicológica, está na natureza do sistema e da sua crise. E será derrotada.




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