Eleitorado checo penaliza partidos no poder

Comunistas reforçam votação

As eleições legislativas antecipadas na República Checa, realizadas a 25 e 26, significaram uma pesada derrota para a direita governante e um claro avanço para os comunistas.

O PCBM sobe 150 mil votos e elege mais sete deputados

Votados ao descrédito pelas políticas anti-sociais que têm conduzido e por escândalos de corrupção, os partidos de direita no poder desde 2010 na República Checa foram remetidos para quarta e quinta forças políticas.

O ODS (Partido Cívico Democrático), fundado pelo antigo presidente checo, Václav Klaus, sofreu uma verdadeira hecatombe, baixando de 20,2 por cento para 7,7 por cento (-12,5 pontos percentuais), perdendo mais de 670 mil votos e 37 dos 53 deputados que tinha.

Também o partido liberal Top 09 (Tradição, Responsabilidade, Prosperidade) do príncipe Karl Schwarzenberg foi penalizado pelo eleitorado, caindo de 16,7 por cento para 12 por cento (-4,7 pontos percentuais) e perdendo quase 280 mil votos e 15 dos 41 deputados eleitos em 2010.

Por sua vez, o Partido Social-Democrata Checo (CSSD), apesar de ter sido o mais votado, não foi além de 20,5 por cento (-1,6 pontos percentuais), perdendo cerca de 138 mil votos e seis dos 56 deputados eleitos há dois anos.

Aproveitando a erosão dos partidos que têm governado o país desde o derrubamento do regime socialista pela chamada «revolução de veludo», na cena política emergiram novas formações populistas, de que se destaca o ANO 2011 (Acção dos Cidadãos Descontentes), liderado por Andrej Babis, um antigo membro do Partido Comunista durante o regime socialista e hoje uma das maiores fortunas da República Checa. O ANO 2011 obteve 18,7 por cento, cerca de 927 mil votos e 47 deputados, tornando-se o segundo partido mais votado.

Outra nova formação com características populistas a entrar no parlamento foi o UPD (Aurora da Democracia Directa), fundado pelo multimilionário nipónico-checo, Tomio Okamura, que alcançou 6,9 por cento, mais de 340 mil votos e 14 deputados.

O avanço dos comunistas

Depois do êxito na eleições regionais de Outubro de 2012, em que se afirmou como segunda força política, tendo mesmo conquistado o governo da região de Usti nad Labem, o Partido Comunista da Boémia-Morávia confirmou o seu reforço eleitoral, alcançando 14,9 por cento (+3,6 pontos percentuais), 741 mil votos (cerca de mais 150 mil) e aumentando o seu grupo parlamentar para 33 deputados (mais sete do que em 2010).

Trata-se do melhor resultado eleitoral do PCBM desde 2002, ano em que teve 18,5 por cento, 882 mil votos e 41 deputados.

Num parlamento de 200 lugares distribuídos por sete partidos, a formação do próximo governo adivinha-se difícil. Independentemente de futuros acordos que venham a ser feitos com os sociais-democratas, o cenário mais provável é que dentro em breve os eleitores sejam novamente chamados às urnas.

As eleições tiveram uma participação de 59,5 por cento, registando-se uma subida da abstenção de 3,1 pontos percentuais em relação a 2010.




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