Santos ardiloso
O protesto popular na Colômbia cumpre a terceira semana e, apesar do presidente Juan Manuel dos Santos anunciar acordos com alguns grupos de agricultores e mineiros artesanais, a verdade é que mantém o país sob forte repressão, conservando nas ruas um aparatoso contingente militar e policial. Segundo a Lusa, um grupo de jornalistas da cidade colombiana de Medellin terá sofrido agressões, designadamente um repórter fotográfico da EFE, quando faziam a cobertura das manifestações.
Durante a semana, em Bogotá, milhares de estudantes saíram à rua em solidariedade com os agricultores, que contestam o Tratado do Livre Comércio entre a Colômbia e os EUA acusando-o de favorecer os norte-americanos e degradar as condições de vida das comunidades rurais. Os jovens exigiram, também, a universalidade do direito à educação.
Entretanto, em Havana, as negociações entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia- Exército do Povo (FARC-EP) e o governo vivem um impasse. Para as FARC, o presidente Santos procura aproveitar a mediatização do processo para impor soluções não acordadas e alterar a sua imagem de intransigência.
Num documento assinado por Timóleon Jimenez, o comandante do Estado Maior Central das FARC-EP sustenta que Santos propõe reduzir tudo a um referendo nacional sem acordar os termos da consulta ou ponderar outras soluções democráticas, visando culpar a guerrilha por um eventual falhanço nos diálogos de paz.
O dirigente das FARC diz também que Santos «não cede um milímetro em matéria de democratização da vida nacional» escudando-se no argumento de que «não está a negociar o Estado, o modelo económico, o sistema político ou o sector privado». O seu objectivo, diz Jimenez, é garantir ao «grande capital (…) que ali só se pretende dar a última oportunidade aos bandidos».
A prosperidade para todos defendida por Santos, conclui, não é outra coisa senão a «versão colombiana das imposições do FMI, do Banco Mundial, da OMC e de todos os grupos que os inspiram, como o famosos Bilderberg ou a Comissão Trilateral».