Romper com a política do saque
Jerónimo de Sousa participou, domingo, em duas grandes acções no Sul do País: um almoço em Vila Real de Santo António e um jantar em Silves.
No caso dos swap, a questão não é moral, mas política
Nas duas iniciativas, marcadas pela expressiva e entusiasmante participação de centenas de militantes e simpatizantes do PCP, Jerónimo de Sousa voltou ao assunto que tem dominado a actualidade mediática: o caso dos contratos swap e das alegadas mentiras de vários governantes. O dirigente comunista, para quem este Governo e esta política são «uma mentira pegada», sublinhou que a questão fundamental não é em saber «quem mentiu ou quem mais mente», mas outra mais importante: a corrupção, a governação danosa, o tráfico de influências, enfim, a promiscuidade entre o poder político e o poder económico, entre os conselhos de administração de grandes bancos e empresas e os cargos de ministro ou secretário de Estado: «Saltam dos grandes grupos económicos e financeiros para o Estado, para depois regressarem a esses mesmos grupos, num ciclo infernal de promiscuidade vergonhosa com graves prejuízos para o interesse público.»
Para Jerónimo de Sousa, o caso dos swap – que podia ser das PPP – é uma ponta de novelo que ajudará a explicar os «serviços prestados por aqueles que, ontem estando no Citigroup, no Goldman Sachs ou em outros impérios financeiros e hoje enxameando ministérios, trataram primeiro de desbaratar recursos públicos com contratos obscenos e agora os renegoceiam transformando perdas potenciais em perdas reais superiores, que ascendem já a mil milhões de euros». Pôr gente desta nas pastas das Finanças é «pior do que meter uma raposa no galinheiro», acrescentou. Porém, afirmou Jerónimo de Sousa, «não se trata de mandar este ou aquele embora para manter a salvo todos os outros»; é todo o Governo que tem que ser demitido.
Mais do que os swap ou outros casos do género, o que é central é «o que está por detrás de cada uma dessas decisões, os interesses de classe que lhe estão associados e os objectivos prosseguidos». E esses são, neste como noutros, a adopção de uma política que «enche os bolsos a uns poucos (os grandes banqueiros) e esvazia os bolsos a todos os outros».
Confiança na CDU
As eleições autárquicas de 29 de Setembro estiveram igualmente em destaque nas duas iniciativas, que serviram também para dar a conhecer candidatos e propostas aos dois concelhos algarvios. Jerónimo de Sousa, depois de salientar a importância nacional desta batalha eleitoral, garantiu que a coligação que reúne comunistas, ecologistas e democratas independentes parte para ela com confiança.
A justificar esta confiança está, para o dirigente do PCP, o percurso ímpar de honestidade e competência dos seus eleitos e a natureza unitária da CDU, que se constitui como espaço de participação democrática de «milhares de homens e mulheres que, não sendo nem do PCP nem do PEV, assumem como seu um projecto claro e com provas dadas», não se escondendo por detrás de «falsas listas de independentes, que na maioria dos casos são listas totalmente dependentes de interesses económicos, pessoais ou partidários». O facto de os eleitos e activistas da CDU terem estado sempre ao lado dos trabalhadores e do povo nas suas lutas em defesa dos direitos e dos serviços públicos, e serem por isso reconhecidos, é um factor acrescido de confiança.
Segundo Jerónimo de Sousa, para além das muitas razões que justificam o voto nas listas da CDU em cada um dos concelhos e freguesias, há um motivo adicional para reforçar a coligação a 29 de Setembro: «Apoiar a CDU é acrescentar força à luta e à razão de todos os que não aceitam o rumo de desastre nacional e que aspiram a uma outra política, patriótica e de esquerda.»