Grande exposição no Espaço Central
O Espaço Central da Festa do Avante! terá este ano uma única grande exposição, evocativa do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal. Esta mostra, semelhante à que esteve patente durante mais de um mês no Pátio da Galé, em Lisboa, e que foi visitada por mais de 20 mil pessoas, aborda as diversas vertentes de um percurso ímpar e multifacetado, dando a conhecer o homem, o revolucionário, o dirigente comunista, o teórico do marxismo-leninismo, o intelectual, o artista. E, com ele, o Partido Comunista Português, de que foi o mais destacado construtor, e a própria luta de décadas do povo português contra o fascismo, pela democracia, o progresso e a soberania.
Para além dos textos impressos nos painéis, a exposição recorre a imagens de época, registos vídeo e áudio, documentos originais (muitos deles raras vezes vistos) e objectos simbólicos. Ali, mais do que o percurso de um homem, estará a história de Portugal do século XX e do início do século XXI – a gesta de um povo pela sua libertação da mais longa ditadura da Europa, que soube encetar o caminho da mais avançada das democracias, tendo no horizonte a construção do socialismo.
Coragem e dedicação
Não sendo possível resumir uma vida tão plena como foi a de Álvaro Cunhal, a exposição acompanha o seu percurso desde o nascimento em Coimbra, passando pela infância e adolescência em Seia e Lisboa, até à Faculdade de Direito, onde tomou a decisão que moldaria toda a sua vida: a adesão ao PCP, em 1931. A sua participação no Senado Universitário, as crescentes responsabilidades no Partido e na Federação das Juventudes Comunistas Portuguesas, a viagem a Espanha onde assiste ao início da Guerra Civil e participa na luta do povo espanhol e, no mesmo ano de 1936, a sua eleição para o Comité Central são outros momentos salientados na exposição.
No que respeita aos anos 40 – a primeira parte da mostra é cronológica – destaca-se o papel essencial de Álvaro Cunhal na reorganização do Partido e a sua elaboração teórica em torno do Partido leninista «definido com a experiência própria» e da via do levantamento nacional para o derrubamento do fascismo. Salienta-se ainda o papel de Álvaro Cunhal no restabelecimento das ligações do PCP com o Movimento Comunista Internacional, inexistentes desde finais dos anos 30.
Quanto aos anos 50, passados todos na prisão, a exposição retrata as brutais condições a que foi sujeito mas também a imensa produção intelectual e artística desses anos: «Desenhos da Prisão», «Até Amanhã, Camaradas», «Cinco Dias, Cinco Noites» ou a tradução do «Rei Lear». Noutro núcleo da exposição, que retrata o período entre 1960 e 1974 (ou seja, entre a Fuga de Peniche e o 25 de Abril) destaca-se a eleição de Álvaro Cunhal para Secretário-geral do PCP, a importante obra «Rumo à Vitória», o VI Congreso do Partido, que definiu os oito objectivos centrais da Revolução Democrática e Nacional, cujo acerto Abril haveria de comprovar na prática, e a poderosa torrente de luta que haveria de derrubar o fascismo.
Exemplo que fica
O exaltante processo revolucionário de Abril, do qual Álvaro Cunhal e o PCP foram protagonistas de primeiro plano, é também retratado na exposição: a chegada de Álvaro Cunhal a Portugal, o imenso 1.º de Maio de 1974, a libertação dos presos políticos, a extinção da PIDE, o fim da censura, as nacionalizações, a Reforma Agrária, o controlo operário, o poder local democrático são algumas das conquistas destacadas na exposição. Em diversos painéis realça-se também a dura e prolongada luta em defesa de Abril, que dura até hoje, sempre com os comunistas na primeira linha.
A exposição destaca ainda a imensa obra intelectual de Álvaro Cunhal, patente em livros, artigos ou intervenções em conferências e debates, bem como a sua projecção internacional, e a sua forma íntegra de estar na política, sempre para servir o povo e recusando qualquer tipo de privilégio.
Como sucedeu com os milhares de pessoas que passaram pelo Pátio da Galé entre 27 de Abril e 2 de Junho, também quem vir a exposição na Festa do Avante! sairá dela não só mais conhecedor deste impressionante percurso de vida como, sustentado no seu exemplo, mais capaz de dar o seu contributo para a luta que continua, hoje, pela mesma causa a que Álvaro Cunhal dedicou toda a sua vida e o melhor das suas capacidades.