Protestos continuam na Turquia

Governo reprime

Ao 12.º dia de protestos na Turquia, a polícia voltou a carregar com brutalidade sobre milhares de turcos na Praça Taksim, procurando abafar o centro da revolta popular que varre o país.

Erdogan prometeu que os manifestantes pagariam o preço da audácia

O cenário vivido anteontem em Istambul, descrito por agências noticiosas e outros meios de comunicação, foi o de uma batalha campal, com as forças repressivas a usarem blindados, equipas anti-distúrbios, granadas de gás lacrimogéneo e canhões de água para varrer a multidão que se mantinha no centro da maior cidade turca, e os populares a defenderem-se como podiam. No Parque Gezi não houve intervenção, continuando ali acampados milhares de pessoas, mas a violência alastrou às zonas adjacentes.

A intervenção ocorreu um dia depois do primeiro-ministro, Recep Erdogan, ter prometido que os manifestantes iriam pagar um preço por não respeitarem o partido no poder, ameaça que se somou a outras proferidas anteriormente em comícios organizados com apoiantes do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP).

No aeroporto de Istambul (após regressar de um périplo pelo Magreb), quinta-feira, 6, e em Adana, Mersin ou Ancara, durante o fim-de-semana, Erdogan apelidou os manifestantes de terroristas e vândalos; acusou-os de atacarem «a minha polícia» e de «odiarem a minha polícia», e avisou que a paciência estava a chegar ao limite.

Nos seus discursos, o primeiro-ministro insistiu sempre em qualificar como marginais e boémios os participantes nas iniciativas de massas. Procura, desta forma, quebrar a unidade evidenciada na acção, dividir entre razoáveis e irascíveis para cavar um fosso entre uma vanguarda urbana e uma maioria tradicionalista.

Simultaneamente, o povo turco prosseguia, em todo o país, em luta pela demissão do executivo do AKP, com destaque para as manifestações realizadas em Istambul, Izmir e Ancara, cidades onde, já na quarta-feira, 5, milhares haviam aderido a uma greve convocada por várias centrais sindicais.

Na capital, nos últimos dias, registaram-se os confrontos mais graves entre polícia e manifestantes, os quais já provocaram, desde o final de Maio, um total de quatro vítimas mortais, milhares de feridos e detidos. Também em Ancara, a sede do Partido Comunista da Turquia foi assaltada, operação repetida contra estruturas do TKP noutras cidades.



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