EUA têm comunicações sob vigilância

Big Brother

O norte-americano que revelou o programa confidencial de vigilância das comunicações operado pela Agência Nacional de Segurança (NSA) poderá pedir asilo político. Alojado em Hong Kong desde 20 de Maio, quando abandonou o Havai depois de copiar os últimos dados relativos ao PRISM, entregues ao britânico The Guardian, que os divulgou, Edward Snowden, de 29 anos, revelou, em entrevista ao mesmo diário, que face ao possível pedido de extradição de Washington pondera viajar para um território reputado como «defensor da liberdade na Internet», sublinhando, no entanto, não ter intenção de se esconder «porque sei que não fiz nada de errado».

«O meu objectivo foi informar a população sobre o que está a ser feito em seu nome ou contra si», acrescentou, antes de afirmar ter sacrificado uma vida cómoda por não poder «permitir que o governo dos EUA destrua a vida privada (...) e as liberdades fundamentais em todo o mundo com este enorme sistema de monitorização».

O Guardian e o Washington Post revelaram que a NSA armazena informações relativas às chamadas efectuadas nos EUA pelos operadores Verizon, AT&T e Spring, e acede aos servidores de nove gigantes da Internet – Microsoft, Yahoo, Google, Facebook, PalTalk, AOL, Skype, Youtube e Apple. A plataforma de alojamento de ficheiros Dropbox deveria ser acrescentada brevemente. A NSA pretende abrir novas unidades no deserto do Utah com capacidade para processar e arquivar até cinco vezes o volume de tráfico de Internet a nível mundial.

O director dos serviços secretos, James Clapper, veio, entretanto, acusar os meios de comunicação social de irresponsabilidade ao terem desnudado o PRISM e sustentou a sua legalidade, argumentando que os poderes judicial e executivo, e os legisladores, quer republicanos quer democratas, controlam de perto o sistema, enquadrado pelo Acto Patriótico, imposto após os atentados de 11 de Setembro, e pela lei de vigilância de comunicações estrangeiras (FISA). Antes, um porta-voz do presidente norte-americano já havia reagido à polémica garantindo que Barack Obama saúda o debate, mas mantém-se determinado em usar os meios possíveis para garantir a segurança nacional.

Apple, Facebook, Google e Yahoo negaram ter autorizado o acesso do governo dos EUA aos respectivos servidores. A União Americana de Liberdades Civis considerou que «isto vai além de Orwell», e um ex-director técnico da NSA, William Binney, disse sábado, 8, ao Washington Times, que estamos perante «a ponta do iceberg».

Binney abandonou a NSA porque, de acordo com declarações do próprio em meados de 2012, «começaram a espiar toda a gente dentro do país», e porque a mais opaca das agências norte-americanas actua sem controlo.

Nas últimas semanas a administração Obama, extremamente dura para com as fugas de informação, teve que lidar com vários casos: a revelação de escutas telefónicas à agência de notícias AP e a um jornalista da Fox News.

Recentemente, iniciou-se o julgamento do soldado Bradley Manning, acusado de ter passado milhões de documentos secretos ao WikiLeaks, cujo fundador, Julian Assange, se encontra refugiado na embaixada do Equador há praticamente um ano para evitar a extradição para a Suécia, a qual considera o primeiro passo para que seja julgado nos EUA.



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