Atentados à paz
Grupos paramilitares foram capturados pelas autoridades venezuelanas, que acusam a direita de prosseguir, com apoio externo, a campanha de desestabilização do país.
O governo colombiano está comprometido com a contra-revolução
Na denúncia feita domingo, 9, Nicolás Maduro detalhou que os mercenários foram interceptados nos estados de Táchira (na fronteira com a Colômbia) e Portuguesa (no interior). Para o presidente da Venezuela, o episódio confirma as movimentações da oposição, suportadas a partir do estrangeiro, contra a paz e a democracia no país, disse antes de apelar aos venezuelanos para que se mantenham vigilantes e mobilizados na defesa da nação.
Em Maio, Maduro e o Chefe das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, Wilmer Barrientos, já haviam informado sobre operações destinadas a detectar bandos armados, cujo propósito seria sabotar a segurança pátria.
No passado domingo, o jornalista e ex-vice-presidente José Vicente Rangel também se referiu às manobras desestabilizadoras da direita venezuelana, revelando que dirigentes opositores se terão encontrado no Texas com industriais de armamento. Na reunião, terá sido ultimada a venda de 18 aviões, os quais se prevê que fiquem estacionados numa base militar norte-americana na Colômbia.
Rangel acrescentou que as viagens para os EUA, enquadradas no que considera ser uma «agressão armada camuflada», não foram pagas pela Mesa de Unidade Democrática (estrutura que candidatou Henrique Capriles à presidência), mas pelo Instituto Nacional Democrata, subsidiado pelo Congresso estado-unidense através de diferentes ONG.
Ingerência
As informações divulgadas por altos dignitários bolivarianos surgem num contexto de tensão nas relações entre Caracas e Bogotá. A degradação foi provocada pelo presidente Juan Manuel Santos, que por estes dias recebeu Capriles, o rosto da campanha de não-reconhecimento do sufrágio realizado na Venezuela na sequência do desaparecimento de Hugo Chávez.
Santos consolidou-se como o chefe de «um governo comprometido com a contra-revolução na América Latina (…) e ao serviço dos interesses do capital transnacional», não apenas quando recebeu o candidato pró-imperialista, mas, igualmente, quando no passado dia 1 de Junho anunciou que a Colômbia pretende ingressar na NATO, lembrou o Partido Comunista da Venezuela.
No início da semana passada, um porta-voz da organização militar confirmou que decorrem conversações com as autoridades colombianas visando estabelecer um acordo de cooperação, mas negou uma agenda para a associação formal do país ao bloco imperialista.
Limbo
Reagindo às consequências da recepção de Capriles por parte de Santos, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), por seu lado, acusaram o presidente colombiano de actuar contra o processo de paz que decorre em Havana, Cuba, sublinhando que, «se não fosse a Venezuela, o diálogo não teria ocorrido». Para as FARC-EP, «a atitude de Santos arrefeceu o optimismo e a atmosfera favorável construída com tanto esforço», por isso caracterizam o actual estado do diálogo como estando «num limbo».
«Juan Manuel Santos sabia que a sua provocação contra o governo legítimo da Venezuela rebentaria na mesa de negociações», salientou também a guerrilha, notando, ainda, e referindo-se ao desejo da Colômbia de integrar a NATO, ser «contraditório que um presidente pretenda passar à história como promotor da paz», mas «proporcione, ao mesmo tempo, uma série de atentados à paz».