«Fazer pela vida»

Carlos Gonçalves

Há dois anos, as eleições legislativas, após a derrota e auto-demissão do governo PS, da política de direita e dos PECs de entrada no Pacto de Agressão, resultaram no Governo PSD/CDS, de continuidade e agravamento da mesma política. Neste tempo breve, o executivo roubou, vexou e afundou o País, a uma velocidade nunca vista, e alienou a sua base de apoio, hoje restam os banqueiros, monopolistas e acólitos e as clientelas do Governo, mas com «fissuras» cada vez mais profundas.

É de há muito evidente que PSD/CDS governam reiterada e compulsivamente contra a lei, o que faz a maioria e o Governo radicalmente ilegítimos. É assim inadiável e possível a sua demissão.

Batido pela luta de massas, isolado, derrotado, remendado e «ligado à máquina» de Belém, o Governo prossegue, obstinado, a missão atribuída pelos interesses que o comandam – levar o mais longe possível a liquidação de elementos estruturantes da democracia, a pilhagem do povo e do país e a dependência externa – e prepara-se para comemorar, «com mais rua e mais discurso» o segundo aniversário.

As festividades serão uma provocação aos trabalhadores e ao povo, quando se recomprova o calamitoso fracasso do Governo, com o Orçamento Rectificativo - cortes nos salários, serviços e funções sociais do Estado, redução das receitas fiscais e do investimento - e com as previsões da OCDE, que agravam o défice e a recessão.

A «armadilha da dívida», instrumento e objectivo da pilhagem e de quem a impõe e prossegue, agrava a espiral de austeridade e recessão e, a não ser interrompida e substituída por uma política patriótica e de esquerda, arrastará Portugal para o segundo «resgate», que o Governo há muito prepara e que Passos Coelho agora antecipa – «precisar de mais dinheiro ... será uma consequência de não … alcançar os objectivos» (dos agiotas – claro!), «se não fizermos .. pela vida … não é o contexto europeu que vai resolver». Isto é – os trabalhadores e o povo que «aguentem» que os especuladores têm de abichar.

Ontem era tarde. Os trabalhadores e o povo estão a «fazer pela vida», para correr de vez com este governo e esta política.



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