A história deste 1.º de Maio

João Frazão

A história deste 1.º de Maio é feita em primeiro lugar de alegria, de determinação, de coragem, das centenas de milhares que, por todo o país, responderam à convocatória da CGTP/IN e vieram para a rua dizer basta. É feita das reivindicações, muitas, de todos os sectores, dos salários e das pensões, dos horários, dos direitos e dos serviços públicos. É feita da força dos punhos fechados e dos braços entrelaçados. É feito de cores, mil, dos cartazes e das bandeiras, das faixas e dos autocolantes e do vermelho, vivo, sempre, dos cravos que em Abril se abriram e em Maio se revigoram.

A história deste 1.º de Maio é, pois, feita da confirmação de que há forças, e que a primeira delas é a da classe operária, para prosseguir a luta por uma vida melhor, forças em que, às vezes, se descrê, tal a dimensão da ofensiva dos nossos inimigos de classe.

A história deste 1.º de Maio é feita da tentativa de apoucamento dessa força, tão gritante nas capas dos principais diários do dia seguinte e na foto desse Público que faz a antítese do que elas foram. Foram de massas? Publique-se então a foto de uma senhora sozinha com a sua bandeira. Foram marcadas pelas dezenas de iniciativas da CGTP/IN? Chame-se à primeira página a bandeira da UGT, na única acção que realizaram.

A história deste 1.º de Maio é feita dos «clichês» do costume, como os da peça da RTP que, escondendo os milhares de jovens que ombreavam com muitos outros País fora, fala de velhos e de que os jovens não se mobilizam...

A história deste 1.º de Maio é feita de muitas histórias e, em Guimarães, foi feita da alegria de vermos de novo o Largo do Toural completamente cheio, após dois anos de ausência, primeiro por causa das obras de remodelação daquela praça histórica, depois por causa das manobras do PS, na Câmara Municipal, que tentou impedir (e o ano passado impediu mesmo), que os trabalhadores ocupassem aquele espaço que é seu desde sempre. O PS (usando o pretexto de que as pedras do largo não aguentariam a montagem de palcos e outras estruturas), como sempre, confirma neste 1.º de Maio onde quer estar, mas, como sempre, encontrou pela frente a determinação de quem trabalha e a vontade de dar ao seu dia, o dia do Trabalhador, a dignidade que ele merece.

Nada de novo, e tão actual.

 



Mais artigos de: Opinião

A pouca-vergonha

Se um dia a História, e quem a faz, se derem ao trabalho de olhar para o «episódio do Orçamento 2013» deste Governo, anotarão bizarros passos de Passos. Primeiro: elabora um Orçamento tão eivado de inconstitucionalidades, que todos os constitucionalistas...

Ventos de guerra...

Os ataques da aviação israelita do final da passada semana e de domingo contra a Síria são um acto de guerra e mais um elemento explosivo na situação do Médio Oriente. Merecem a mais viva condenação por aqueles que defendem o direito internacional, a...

O exame da 4.ª classe

Na semana em que este Avante! se publica, mais de 103 mil crianças de nove e 10 anos terão pela primeira vez uma experiência que só os seus avós viveram. Trata-se do regresso de um dos mais odiados elementos da escola do fascismo: o exame da 4.ª classe. Quase 40 anos depois,...

Nós

Não há liberdade onde há medo. Não importa de que medo falamos – medo de não comer, medo de não ter onde dormir, medo de perder o emprego, medo de ficar sem acesso aos cuidados de saúde, medo de falar, medo de tomar posição, medo de lutar – se...

O que o grande capital e os seus partidos mais temem

Porquê de tanta mobilização do grande capital e das forças e partidos que o defendem e servem para a desmobilização e divisão dos trabalhadores e das massas? Assistimos, a par da intensificação das medidas resultantes do pacto de agressão que atingem ferozmente os trabalhadores e o povo, ao crescimento da exploração de quem trabalha, adquirindo novas formas que apelidam de modernas e contemporâneas e que mais não são do que arte nova de bem explorar.