Organização e luta dos trabalhadores e das massas

O que o grande capital e os seus partidos mais temem

Patrícia Machado (Membro da Comissão Política do PCP)

Porquê de tanta mobilização do grande capital e das forças e partidos que o defendem e servem para a desmobilização e divisão dos trabalhadores e das massas? Assistimos, a par da intensificação das medidas resultantes do pacto de agressão que atingem ferozmente os trabalhadores e o povo, ao crescimento da exploração de quem trabalha, adquirindo novas formas que apelidam de modernas e contemporâneas e que mais não são do que arte nova de bem explorar.

 

A luta de massas é o factor decisivo para a transformação da sociedade

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Para alcançarem estes objectivos, utilizam todas as formas que as sucessivas alterações ao Código do Trabalho e restante legislação laboral lhes vão permitindo, pela mão dos sucessivos governos PS/PSD, com ou sem CDS, assim como uma intensa e requintada arma ideológica. Estas forças têm procurado através desta arma transformar em real o falso, com as velhas receitas da inevitabilidade, do conformismo e do individualismo, assim como de divisão dos trabalhadores e do desviar das atenções das massas dos reais responsáveis. O ataque à unidade e luta dos trabalhadores e de quem defende os seus interesses como o PCP, está na primeira linha de actuação.

Não podemos nem devemos ignorar os efeitos que tem nas massas. A transformação não depende só das forças de quem a deseja mas também de quem a combate.

Multiplicam-se os exemplos, nas empresas e locais de trabalho, e também aqueles que ecoam e se repetem até à exaustão na comunicação social e pelos fazedores de opinião de serviço. A divisão mais comum tem sido os «trabalhadores do privado contra os do público», os «trabalhadores com vínculo precário contra os de vínculo efectivo». Existem e crescem as ameaças e as chantagens dentro das empresas para impedir a organização e a luta dos trabalhadores, como: impedir a realização de plenários; fomentar a criação de comissões de trabalhadores promovidas pela empresa; responsabilizar os trabalhadores e os seus sindicatos de classe (CGTP-IN) pelos encerramentos; desmobilizar para a sindicalização e organização sindical com argumentos como «sindicatos aqui dentro não» (sendo que até existem, nalguns casos, os da UGT). A utilização de conceitos como «colaboradores» em vez de «operários» ou «trabalhadores», novas versões linguísticas de categorias profissionais; «somos uma família» ou ainda «temos que abdicar de alguns direitos hoje para um futuro melhor» fazem também parte do argumentário e mecanismos de quem pretende impedir a construção da consciência de classe, a organização e a luta dos trabalhadores contra um presente envenenado que constrói tudo menos um futuro melhor e digno para quem trabalha.

Medo da luta

Então porquê tanta mobilização para desmobilizar? Porquê tanto receio da organização e da luta dos trabalhadores? Eles sabem e temem aquele que é um factor decisivo e motor da transformação da sociedade – a luta de massas, e em particular da classe operária e de todos os trabalhadores. Eles sabem e temem porque é essa luta que fragiliza o Governo e por arrasto as suas políticas. Eles sabem e temem que a elevação da consciência nas massas é factor determinante na ruptura com a política de direita e na exigência para a construção no presente da Democracia Avançada sustentada nos valores de Abril. Eles também sabem e temem as forças dirigentes dessa luta, a CGTP-IN como organização de classe e de massas, unitária, independente, solidária e democrática, e o PCP, pelo papel que sempre assumiu de vanguarda na luta das classe operária e de todos os trabalhadores.

Proliferam ideias de culto da espontaneidade, procurando não se dirigir somente e principalmente à contestação das políticas seguidas e dos seus reais responsáveis, mas particularmente contra o que no campo das forças revolucionárias representa a real força organizada e direcção política. Como se refere na Resolução Política do XIX Congresso, a «classe dominante sabe que, com o enfraquecimento do PCP, a luta dos trabalhadores tenderia a perder o seu carácter consequente contra a exploração e por isso, na luta contra o PCP, recorre a todos os meios para lhe criar dificuldades, perseguindo sempre o velho objectivo de o destruir». Mas este velho objectivo, apesar de bastante artilhado pela classe dominante, encontra pela frente uma organização que luta e resiste para cumprir o seu papel, com uma profunda ligação às massas.

É esta organização, o seu reforço, a actividade e a luta de massas dialecticamente unidas, que é fundamental trabalhar porque, como se refere em «O Partido com Paredes de Vidro», de Álvaro Cunhal, a «organização é um instrumento capital para promover, orientar e desenvolver a actividade e a luta de massas. E a actividade e a luta de massas constituem o terreno fecundo em que germina, se desenvolve, floresce e frutifica a organização do Partido».

 



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