Jornadas Parlamentares do PCP

Construir futuro

O Se­cre­tário-geral do PCP acusa o Go­verno de ul­timar um «novo as­salto» aos ren­di­mentos e di­reitos dos tra­ba­lha­dores e do povo, bem como às fun­ções so­ciais (saúde, edu­cação e pro­tecção so­cial), com vista a apro­fundar o «pro­cesso de ex­torsão em favor dos grandes grupos eco­nó­micos, da agi­o­tagem e da es­pe­cu­lação fi­nan­ceira».

«Sen­tindo o apoio a re­duzir e o tempo a fugir, age a des­truir, para que seja mais di­fícil cons­truir e re­parar os danos no fu­turo», alertou Je­ró­nimo de Sousa, in­ter­pre­tando esta es­tra­tégia como parte da 'o­pe­ração con­senso' – «con­senso para o de­sastre», su­bli­nhou – que, «as­se­ve­rando uma re­pen­tina e fic­tícia mu­dança de po­lí­tica, pro­cura a todo o custo jus­ti­ficar e cre­di­bi­lizar a ma­nu­tenção das amarras e dos com­pro­missos dos subs­cri­tores do pacto de agressão a um pro­grama de ter­ro­rismo so­cial já de­fi­nido com o FMI e os res­tantes com­po­nentes da troika es­tran­geira, sob a capa de uma in­ti­tu­lada re­forma do Es­tado».

Pro­grama este que a con­cre­tizar-se, ad­vertiu o líder co­mu­nista, «não só mu­ti­lará gra­ve­mente o re­gime de­mo­crá­tico como agra­vará ainda mais a re­cessão eco­nó­mica e o de­sem­prego», além de com­provar a na­tu­reza in­sa­ciável deste Go­verno e dos in­te­resses que serve.

Je­ró­nimo de Sousa fa­lava an­te­ontem (se­gunda-feira) na aber­tura das Jor­nadas Par­la­men­tares do PCP em Viana do Cas­telo, pre­en­chidas por um in­tenso pro­grama de vi­sitas e reu­niões que se pro­longou pelo dia se­guinte e do qual foram ex­traídas con­clu­sões dadas a co­nhecer em con­fe­rência de im­prensa re­a­li­zada ontem mesmo, já de­pois do fecho da nossa edição (e às quais vol­ta­remos na pró­xima se­mana).

Um pro­grama onde os de­pu­tados co­mu­nistas re­e­di­taram aquelas que são marcas dis­tin­tivas da sua acção e pos­tura, ou seja, como an­te­cipou no ar­ranque dos tra­ba­lhos o líder do Grupo Par­la­mentar do PCP, Ber­nar­dino So­ares, a forte iden­ti­fi­cação e pro­xi­mi­dade aos pro­blemas e à re­a­li­dade re­gi­onal, a ela­bo­ração de pro­postas para res­ponder às as­pi­ra­ções po­pu­lares e aos pro­blemas do País, a «res­posta po­lí­tica às ques­tões do mo­mento».

Foram essas ca­rac­te­rís­ticas es­sen­ciais que de novo per­pas­saram nas Jor­nadas onde uma atenção muito par­ti­cular foi dada à grave si­tu­ação em que o Go­verno co­locou os Es­ta­leiros Na­vais de Viana do Cas­telo.

Ao tema de­dicou aliás Je­ró­nimo de Sousa as suas pri­meiras pa­la­vras, clas­si­fi­cando de «ina­cei­tável» a de­cisão go­ver­na­mental que abre portas à li­qui­dação da em­presa.

Re­a­fir­mando a so­li­da­ri­e­dade do PCP para com os seus tra­ba­lha­dores e o povo da ci­dade e do dis­trito, deixou ainda a ga­rantia de que os co­mu­nistas tudo farão «para in­vi­a­bi­lizar esse so­turno pro­jecto» e para «as­se­gurar uma real e efec­tiva so­lução para salvar a em­presa e os postos de tra­balho».

Ainda a este res­peito, acusou o Exe­cu­tivo de Passos e Portas de não só ter es­con­dido «o golpe li­qui­da­tário que tenta per­pe­trar, como, numa sub­ser­vi­ência ina­cei­tável pe­rante os di­tames da União Eu­ro­peia, o jus­ti­ficar por uma im­po­sição ex­terna e, de costas vol­tadas para o in­te­resse na­ci­onal, aban­donar res­pon­sa­bi­li­dades que são suas».

Je­ró­nimo de Sousa não deixou passar essa coin­ci­dência que é a da de­cisão ocorrer pouco antes do Con­selho de Mi­nis­tros (de ontem) que tinha como agenda uma es­tra­tégia de cres­ci­mento e fo­mento in­dus­trial, «no se­gui­mento de pro­cla­ma­ções sobre a ne­ces­si­dade de re­gresso ao mar». O que, em sua opi­nião, não só traduz bem a «na­tu­reza dis­si­mu­lada de uma go­ver­nação que tem de­mons­trado pro­fundo des­prezo pelos sec­tores pro­du­tivos na­ci­o­nais», como mostra que «o anúncio de lan­ça­mento de tal es­tra­tégia de cres­ci­mento é uma acção de puro tac­ti­cismo po­lí­tico de um Go­verno que visa, em de­ses­pero de causa, ma­no­brar para se manter no poder a todo o custo».

Ou­tras en­ce­na­ções es­tarão na calha, «re­pli­cando fór­mulas e me­didas» de ou­tros pro­gramas que nunca che­garam a sair do papel ou fra­cas­saram, de­nun­ciou o líder co­mu­nista, que rei­terou as li­nhas da po­lí­tica al­ter­na­tiva de­fen­dida pelo PCP por con­tra­ponto à po­lí­tica de um Go­verno que «onde toca, es­traga».



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