Nova cruzada contra a agricultura
LUSA
O PCP acusa o Governo de ter lançado uma nova ofensiva na sua «cruzada contra os pequenos e médios agricultores, a agricultura nacional e a soberania alimentar do País»: as alterações fiscais para o sector constantes no Orçamento do Estado para este ano. As medidas entraram em vigor na segunda-feira e estão a provocar uma «enorme indignação nos pequenos e médios agricultores e a reclamação das suas associações da sua imediata suspensão», garante o PCP numa nota da sua Comissão Nacional de Agricultura junto do Comité Central, datada de dia 27.
Entre as medidas impostas pelo Governo conta-se a imposição, sem excepções, da declaração de início ou reinício de actividade, mesmo que o agricultor em causa tenha 80 anos e tenha de continuar a trabalhar por causa da baixa reforma, ou que seja agricultor a tempo parcial para complementar o baixo salário. O Governo obriga também a que, mesmo que produza só para a sua família, para ajudar os filhos, o pequeno agricultor tenha que declarar o início de actividade para poder receber o magro subsídio comunitário.
Com as novas regras, um agricultor para vender no mercado local uma couve, um ramo de salsa ou meia dúzia de ovos terá que «passar factura, o que muitas vezes absorve a pequena margem de lucro que poderia ter, para além de ter que pagar a quem lhe faça a contabilidade». Caso tenha uma receita bruta superior a 10 mil euros anuais, fica sujeito ao IVA e ao agravamento da contribuição para a Segurança Social. Um agricultor que preste um pequeno serviço a outro terá que passar factura e será também aumentado o IRS, ao ser-lhe feito o somatório da reforma, do subsídio comunitário e da facturação.
Para o PCP, estas novas regras, «inviabilizarão o consumo e os mercados de proximidade, e deixarão os consumidores ainda mais na mão do grande agro-negócio da distribuição, a ter que comprar ainda mais produtos estrangeiros, sem controlo capaz, quando a maior parte pode ser cá produzida com qualidade e ajudar à recuperação económica do País». Daí que, a concretizarem-se constituirão uma «autêntica sentença de morte para milhares de agricultores».
O PCP lembra ainda que a média etária da população agrícola é de 62 anos e que 77 por cento das explorações têm menos de cinco hectares, das quais 22 por cento têm menos de um hectare.