Álvaro Cunhal, Secretário-geral do PCP

Image 12653

Álvaro Cu­nhal foi eleito Se­cre­tário-geral do PCP na reu­nião de Março de 1961 do Co­mité Cen­tral. O Avante!, na edição de Abril, dá des­taque de pri­meira pá­gina a essa im­por­tante eleição: «Álvaro Cu­nhal, que pela sua total de­di­cação ao Par­tido e ao povo, pela sua fi­de­li­dade aos prin­cí­pios do mar­xismo-le­ni­nismo, pelas suas qua­li­dades de ca­rácter, ca­pa­ci­dade de tra­balho e in­te­li­gência, con­quistou a con­fi­ança de todos os mem­bros do Par­tido, foi, desde 1942, o mais de­di­cado obreiro da trans­for­mação do nosso Par­tido num grande Par­tido na­ci­onal.» Esta eleição é tanto mais sig­ni­fi­ca­tiva quanto o Par­tido se en­con­trava sem se­cre­tário-geral desde a morte de Bento Gon­çalves, em 1942, e na prá­tica desde a prisão deste, em 1935.

Em Se­tembro desse ano, o órgão cen­tral do Par­tido saúda a che­gada em se­gu­rança do Se­cre­tário-geral à União So­vié­tica. Tal feito, fin­tando a feroz per­se­guição da PIDE, cons­ti­tuía «uma vi­tória do Par­tido e das forças de­mo­crá­ticas».

Em­bora se en­con­trasse fora do País, Álvaro Cu­nhal man­teve sempre uma li­gação pró­xima à re­a­li­dade na­ci­onal, tendo um papel de­ci­sivo na di­recção do Par­tido e na de­fi­nição da sua linha po­lí­tica, ao mesmo tempo que as­sume pro­ta­go­nismo no mo­vi­mento co­mu­nista in­ter­na­ci­onal. No Avante! de Julho de 1969 (só para citar um exemplo) des­taca-se a par­ti­ci­pação do PCP na Con­fe­rência In­ter­na­ci­onal dos Par­tidos Co­mu­nistas e Ope­rá­rios, re­a­li­zada no mês an­te­rior, e a in­ter­venção aí pro­fe­rida por Álvaro Cu­nhal, que en­ca­be­çava a de­le­gação do PCP. As en­tre­vistas que dá a jor­nais e rá­dios in­ter­na­ci­o­nais sobre a si­tu­ação em Por­tugal e a via pro­posta pelo Par­tido também serão re­flec­tidas no órgão cen­tral do Par­tido.

O seu re­gresso ao País dá-se a 30 de Abril de 1974 e no dia se­guinte di­rige-se pela pri­meira vez, de viva voz, aos tra­ba­lha­dores e ao povo aos quais de­dicou toda a sua vida.



Mais artigos de: Em Foco

As ruas são do povo

Numa se­mana em que se mul­ti­pli­caram as ma­ni­fes­ta­ções de des­con­ten­ta­mento e pro­testo contra a po­lí­tica do Go­verno e contra me­didas que a põem em prá­tica, des­ta­caram-se as lutas de âm­bito na­ci­onal re­a­li­zadas pelos pro­fes­sores e pelos tra­ba­lha­dores do sector em­pre­sa­rial local. Na Ad­mi­nis­tração Pú­blica cresce agora a mo­bi­li­zação para a grande ma­ni­fes­tação na­ci­onal de 15 de Março.

Rumo ao levantamento nacional

Os anos que vão da he­róica fuga de Pe­niche, em Ja­neiro de 1960, à ma­dru­gada li­ber­ta­dora de 25 de Abril de 1974 foram par­ti­cu­lar­mente in­tensos. Na sequência da rec­ti­fi­cação do desvio de di­reita, o Par­tido alarga as suas fi­leiras e cla­ri­fica a sua tác­tica e es­tra­tégia, num pro­cesso que cul­mina na apro­vação, no VI Con­gresso, do Pro­grama para a Re­vo­lução De­mo­crá­tica e Na­ci­onal, já com Álvaro Cu­nhal como Se­cre­tário-geral (cargo para o qual fora eleito em 1961). 

Um Partido Comunista forte e revolucionário

A fuga de Peniche, que devolveu à luta contra o fascismo Álvaro Cunhal e outros destacados dirigentes e militantes comunistas, permitiu que o Partido superasse, num curto espaço de tempo, as dificuldades que vinha sentindo desde meados da década de 50. Estas...

Álvaro Cunhal: anos 60 e 70

O Programa para a Revolução Democrática e Nacional O Programa do PCP aprovado no VI Congresso definiu o carácter de classe da ditadura fascista, classificando-a como a «ditadura terrorista dos monopólios, associados ao imperialismo estrangeiro, e...