«Entroikados»

Carlos Gonçalves

Entroikado foi eleita «palavra do ano 2012» em «votação na net», organizada por uma editora nacional. Significa alguém «obrigado a viver sob condições impostas pela troika», ou «em situação difícil, tramado, lixado». É a constatação em humor negro de que o País, os trabalhadores e o povo estão reféns do pacto de agressão, de saque dos sectores não monopolistas, de regressão social, de devastação da economia e desastre nacional.

Vai para dois anos que estamos entroikados sob a tutela do FMI, UE e BCE, cujo memorando e «especialistas» são estratégia e tropa de choque do capital financeiro para a sagrada recapitalização da banca, a insaciável concentração do capital, o «fascismo económico» dos mercados, a arrogância federalista do directório e a soberba imperial do Euro alemão.

Tanto como o desastre a que chegámos, ofende a evidência de que, por este caminho, o buraco será sempre mais fundo e a certeza de que a troika nacional, apesar dos arrufos, está firme para continuar esta política, como agora se viu com o OE do PSD/CDS e com o PS a esconder-se de um conflito sério atrás das momices do PR.

E se estamos entroikados com a situação insustentável a que a política de direita de tantos anos nos conduziu e, mais recentemente, de PEC em PEC até ao Memorando das troikas, temos agora no Relatório do FMI, um novo passo neste processo – o desenvolvimento inevitável, na perspectiva dos saqueadores, do que consta no pacto de agressão, que as entrelinhas do programa PSD/CDS confirmam e que o PS assinou e agora tenta esconder.

O Relatório e a sua «fuga» para os media são o programa máximo para 2013/2014 deste esbulho colossal dos bancos agiotas e demais bandidos ao País e às populações laboriosas. Coloca um nível de ameaça e de pânico que facilita ao Governo manobras menos drásticas de saque, permite ao PS ensaiar falsos distanciamentos e serve de biombo à concretização deste OE inconstitucional, intolerável e ilegítimo.

Assim se comprova a urgência de destroikar o país, superar o pacto de agressão e seus derivados – o OE 2013 e o Relatório do FMI –, derrotar a política de direita das troikas, demitir este Governo e construir a alternativa patriótica e de esquerda.



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