Grã-Bretanha e Irlanda

Os mesmos a pagar a factura

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, considerou que a Grã-Bretanha está no caminho certo para superar a crise, embora tal ainda esteja longe. As palavras do primeiro-ministro, proferidas na mensagem de Ano Novo, contrastam com os dados económico-sociais devastadores sobre o país.

Depois do anúncio por parte do ministro da economia e Finanças, George Osborne, de que em 2013-2014 o governo vai cortar mais de oito mil milhões de euros; e ao mesmo tempo que se contempla uma nova descida de impostos para as empresas (a quarta do executivo conservador-liberal com um acumulado de menos sete por cento desde 2010), levantou-se um coro de vozes críticas que indicou que este é o caminho para o desastre.

A organização Shelter - que apoia população sem-abrigo e, como outras, viu as ajudas públicas diminuírem 35 por cento em 2012, em média – alerta que às 160 mil famílias já expulsas de suas casas desde 2008, muitas mais se vão juntar, pois milhares de agregados encontram-se à beira da ruptura e os pedidos desesperados não param de aumentar: 86 por cento desde 2009.

Os presidentes de câmara de Manchester, Liverpool, Birmingham, Nottingham, Sheffield, Newcastle e Leeds, por seu lado, antevêem o encerramento massivo de serviços públicos como centros de dia para jovens e idosos, cantinas escolares ou bibliotecas. Este ano, pelo menos 200 bibliotecas públicas foram encerradas na Grã-Bretanha.

A «Fuel Poverty Advisory Group», no mesmo sentido, alerta que em cerca de 300 mil lares a escolha é entre comida ou aquecimento, resultado do aumento em 7 por cento nas facturas da energia em 2012.

Acresce que um estudo elaborado por um reputado grupo de economistas afirma que cerca de oito milhões de indivíduos se encontram desempregados, fazendo do país uma panela de pressão prestes a rebentar, sobretudo quando o governo aplica cortes drásticos nos apoios sociais e os jovens não encontram solução laboral.

Do outro lado do Mar da Irlanda, no Eire, são também os mesmos a suportar a conta da crise capitalista. O banco central irlandês veio dizer recentemente que o país precisa de mais tempo para restituir à troika o dinheiro injectado directamente na banca – 30 dos 85 mil milhões de euros emprestados –, isto ao mesmo tempo que impõe um dos mais duros orçamentos de sempre com uma combinação letal de cortes e aumentos de impostos na ordem dos 3,5 mil milhões de euros para 2013.

Impostos sobre o património imobiliário crescem proporcionalmente mais para as propriedades com valor abaixo do milhão de euros do que para as acima daquela cifra; bebidas alcoólicas e tabaco levam novo agravamento fiscal, assim como as propinas universitárias e as constribuições para a previdência, sobretudo as dos pensionistas; reduções da despesa pública à custa do subsídio de família ou da diminuição para nove meses do período de susbsídio de desemprego, por exemplo, e manutenção da taxa sobre as empresas nos 12,5 por cento (a mais baixa da Zona Euro), entre outras medidas, estão a deixar os irlandeses à beira do colapso.

No início do mês de Dezembro, aquando da discussão do documento, milhares de manifestantes e polícia envolveram-se em confrontos frente ao parlamento, no centro de Dublin.



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