Despedimentos colectivos em Évora e Braga

Luta pelo trabalho

Na Fehst, repete-se o estafado argumento das dificuldades do mercado e até o cliente apontado como fonte da instabilidade é o mesmo de outras ocasiões. Na Kemet está em marcha uma deslocalização.

À estratégia das multinacionais opõem-se os trabalhadores

Os operários da fábrica de Évora da Kemet Electronics, ao terminarem, no dia 14, dois dias de greve contra o anunciado despedimento colectivo, decidiram prolongar o protesto por mais uma semana, com paralisações parciais e por sectores, durante duas horas no início ou no final de cada turno, como disse à agência Lusa o delegado sindical Hugo Fernandes, também dirigente do Sindicato das Indústrias Eléctricas do Sul e Ilhas, que situou em cerca de 90 por cento o índice de adesão, tanto na quinta-feira, como na sexta, na produção.

A administração da unidade alentejana da multinacional norte-americana declarou que pretende realizar o despedimento coletivo de 154 trabalhadores (quase metade dos que hoje ali laboram), porque a produção será transferida para o México. Os trabalhadores e o SIESI/CGTP-IN afirmam que não há quebra de encomendas, mas sim a deslocalização do fabrico de condensadores de tântalo para telemóveis e para a indústria automóvel.

Com os trabalhadores da Fehst Componentes, que se encontravam em greve contra o despedimento colectivo de 40 camaradas, esteve no dia 13 uma delegação do PCP, da qual fez parte João Frazão, da Comissão Política do Comité Central. Além de manifestarem solidariedade, os dirigentes do Partido informaram que, nesse mesmo dia, na AR, o deputado Agostinho Lopes tinha entregue uma pergunta ao Governo sobre o problema. No dia seguinte, também ali se deslocou João Ferreira, deputado no Parlamento Europeu. O PCP, como se refere uma nota de imprensa da direcção regional de Braga, valoriza a ampla unidade dos trabalhadores, expressa na paralisação a cem por cento.

Agostinho Lopes, na pergunta ao Ministério da Economia e do Emprego, lembra que já em 2006 a multinacional tentou realizar um despedimento colectivo, que os trabalhadores provaram não ser indispensável. A Fehst acabou por impor períodos de lay-off.

Para os representantes dos trabalhadores, que deram um conferência de imprensa no dia 13, de manhã, no interior do Complexo Grundig, onde se situa a fábrica, não há dificuldades económicas que justifiquem os despedimentos constantes na lista entregue dia 11 à CT. A Fehst deu quase cinco milhões de euros de lucros, em 2011, e foi o trampolim para a compra de uma empresa em Braga e outra em Aveiro. «Este despedimento visa, como sempre ambicionou a administração, destruir o quadro permanente dos trabalhadores da empresa», afirma-se no documento distribuído aos jornalistas.

Mais um arranjo

Contestando os fundamentos «já conhecidos e gastos», como a diminuição previsível da procura dos seus produtos e serviços, os representantes dos trabalhadores observam que, «num universo de 14 a 15 clientes, a fundamentação invocada recai como sempre sobre o mesmo cliente Technisat, tal como em 2008, para fundamentar na altura um processo de lay-off». Agora, como explicaram na conferência de imprensa, a Fehst afirmou, sem provar, que este cliente tomou a decisão irreversível de cortar relações comerciais. Questionada sobre os motivos de tal decisão extemporânea do seu cliente preferencial e mais antigo, a empresa apresentou «justificações pouco credíveis, parecendo, embora sem prova formada, mais um arranjo entre os dois, para criar esta situação extrema».

Este «oportunismo» da multinacional, referiram ainda os membros da Comissão de Trabalhadores e do sindicato SITE Norte, da CGTP-IN, é «apadrinhado pelas políticas inconsequentes, de desastre, deste Governo, com as sucessivas alterações ao Código do Trabalho».




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