América Latina

Repressão e luta

Os habitantes da localidade de Santa Rosa de Osos, no departamento de Antioquia, no Norte da Colômbia, estão aterrorizados com o massacre de 10 camponeses às mãos de paramilitares, ocorrido no passado dia 7, constatou a repórter da Telesur. Proferir declarações a meios de comunicação social significa arriscar retaliações, relatou Angie Camacho, que precisa que alguns populares pediram mesmo aos jornalistas para abandonarem a região, já que, afirmam, não só temem pelas suas vidas como antecipam o recrudescimento da extorsão dos seus rendimentos e bens, prática corrente por parte dos bandos criminosos e que se supõe possa estar na base da matança.

No sábado, 10, o povo de Santa Rosa de Osos manifestou-se contra a violência persistente nas áreas rurais, para onde o governo já enviou um contingente militar com o objectivo de reforçar o combate aos grupos armados constituídos por ex-membros das Autodefesas Unidas da Colômbia.

Na República Dominicana, domingo foi também dia de marchar contra a violência e a política lesiva dos interesses populares. Jovens, sobretudo, exigiram nas ruas da capital, a responsabilização dos polícias que assassinaram um estudante universitário de medicina, quinta-feira, 9, durante um protesto contra a reforma fiscal, projecto que o presidente, Danilo Medina, pretende impor a pretexto do saneamento das contas públicas do país.

O pacote, acordado com a delegação do FMI que no final da semana passada esteve no país, desagrava as taxas aplicadas ao capital e aumenta a tributação do factor trabalho e do consumo, acusam os contestatários.

Já no Paraguai, os protestos envolveram, segunda-feira, camponeses e professores, que se concentraram frente ao Congresso dos Deputados para reivindicarem o acesso à terra através da expropriação do latifúndio, e o aumento da verba destinada à escola pública no orçamento para 2013, o qual se encontra em discussão. Os docentes denunciam ainda que o governo golpista prepara-se para cortar nos subsídios ao material escolar e às refeições dos alunos, o que, acusam, aumentará o abandono escolar.

Nos campos, a palavra de ordem após o golpe de Estado que derrubou o presidente democraticamente eleito, Fernando Lugo, é de mobilização, uma vez que o executivo golpista liderado por Federico Franco iniciou um processo de regressão nas conquistas que as comunidades rurais vinham alcançando.

Tal é o caso dos indígenas da região de Chaco, definitivamente expulsos pelos agrários que, durante o mandato de Lugo, foram obrigados a negociar com as comunidades locais a posse e exploração dos solos; ou dos camponeses do departamento de San Pedro, em luta contra os atropelos ambientais perpetrados pela agro-industria dominante. 23 sem-terra acabaram detidos, dia 10, durante um bloqueio à sede da empresa Agroganadera Tierra de Negocios, informou a Prensa Latina.

No domingo, o Partido Comunista do Paraguai denunciou que camponeses detidos na sequência de uma expulsão de terras, no mês de Junho, no departamento de Caaguazú, encontram-se em estado crítico devido à greve de fome que levam por diante em defesa do acesso à terra.

Na Costa Rica, a repressão de uma manifestação de trabalhadores do sector da saúde contra os cortes no financiamento do sistema, no contexto mais amplo do desmantelamento das funções sociais do Estado, está a gerar uma onda de indignação no país. Pelo menos 40 pessoas acabaram detidas pelas autoridades durante a dispersão da multidão que se manifestava pacificamente nas ruas da capital, San José, e à qual se foram juntando populares à medida que se desenrolavam os confrontos, apurou a EFE.

Já esta segunda-feira, os protestos voltaram a San José, com os trabalhadores da restauração a contestarem a redução dos salários imposta pelo patronato. O Ministério do Trabalho da Costa Rica admite que 62 por cento das empresas do país violam a legislação laboral.

De acordo com uma pesquisa da Gallup, 87 por cento dos costariquenhos estão descontentes com o rumo do país, detalhando o aumento do custo de vida, a precariedade laboral e o desemprego e a falta de confiança nos governantes como as principais razões.

Dados oficiais indicam que o número de pobres no país alcança uma cifra recorde, afectando mais de um milhão e 400 mil pessoas, o que contrasta com a prosperidade dos possidentes, que viram as respectivas fortunas aumentarem em quatro por cento e o fosso entre os ricos e pobres crescer, com os primeiros a receberem em média 18,2 vezes mais que os segundos.



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