Orçamento da UE prejudica Portugal

Maioria cúmplice

O Par­la­mento Eu­ropeu (PE) re­cusou, dia 23, a pro­posta de or­ça­mento co­mu­ni­tário para 2013, no en­tanto, a po­sição apro­vada não al­tera «a subs­tância da in­su­fi­ci­ente pro­posta da Co­missão Eu­ro­peia e do Con­selho».

Os países ricos devem con­tri­buir mais para o or­ça­mento

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Como sa­li­entam em co­mu­ni­cado os de­pu­tados do PCP, a mai­oria do Par­la­mento «re­pete a es­tra­tégia de anos an­te­ri­ores». De facto, a po­sição apro­vada «li­mita-se a repor os va­lores da pro­posta de or­ça­mento apre­sen­tada pela Co­missão Eu­ro­peia (com 1,13% em au­to­ri­za­ções e 1,03% em pa­ga­mentos do Ren­di­mento Na­ci­onal Bruto dos países da UE) para bran­quear a UE num jogo ins­ti­tu­ci­onal em que, no fim de contas, as três ins­ti­tui­ções (PE, Co­missão e Con­selho) e as forças po­lí­ticas que as do­minam se co­locam sempre de acordo no fun­da­mental: re­duzir o or­ça­mento da UE».

Para o PCP «a justa pre­o­cu­pação em re­lação à pro­vável es­cassez de verbas, para fazer face a dí­vidas já con­traídas em vá­rios pro­gramas e ao facto de 2013 ser o úl­timo ano do ac­tual Quadro Fi­nan­ceiro Plu­ri­a­nual, não es­conde a cum­pli­ci­dade da mai­oria do PE», no que toca ao au­mento das de­si­gual­dades so­ciais e entre países, do de­sem­prego e da po­breza na UE.

Trata-se por­tanto de meras «al­te­ra­ções de cos­mé­tica e ou­tras de pura pro­pa­ganda», que mantêm «inal­te­radas as prin­ci­pais ori­en­ta­ções e pri­o­ri­dades do Or­ça­mento da UE, tor­nando-o ma­ni­fes­ta­mente in­su­fi­ci­ente face à ur­gência por que passam países como Por­tugal neste pe­ríodo de pro­funda crise eco­nó­mica e so­cial».

E a prova é que a base para a ne­go­ci­ação entre o PE e o Con­selho não só «está muito abaixo das ne­ces­si­dades exis­tentes» como até fica «aquém do valor fi­xado no ac­tual quadro fi­nan­ceiro plu­ri­a­nual (1,15% do RNB)».

Au­mentar o Or­ça­mento para o dobro

Os de­pu­tados do PCP re­jeitam as re­du­ções su­ces­sivas do Or­ça­mento da UE e de­fendem o seu au­mento «pelo menos o dobro no pró­ximo quadro fi­nan­ceiro».

Em si­mul­tâneo re­jeitam «uma ainda maior su­bor­di­nação do or­ça­mento da UE à Es­tra­tégia UE 2020 (ori­en­tação para os pro­cessos de pri­va­ti­zação, li­be­ra­li­zação e des­truição dos ser­viços pú­blicos) e a pre­vi­sível trans­fe­rência de verbas do Fundo de Co­esão para o apro­fun­da­mento do mer­cado único através do me­ca­nismo In­ter­ligar a Eu­ropa, trans­fe­rindo di­nheiros pú­blicos para grandes

redes de trans­porte, o que, no con­texto das re­la­ções pre­va­le­centes no seio UE,

acen­tuará a de­pen­dência e su­bor­di­nação de países como Por­tugal face às grandes po­tên­cias, as quais terão não só o es­co­a­mento da sua pro­dução fa­ci­li­tado como também o acesso aos re­cursos do nosso País».

Neste quadro, o PCP propõe «uma al­te­ração na chave de con­tri­bui­ções na­ci­o­nais pro­por­ci­onal ao res­pec­tivo RNB, de forma a ga­rantir que os países com maior RNB con­tri­buam pro­por­ci­o­nal­mente mais para o or­ça­mento da UE». Por outro lado, «as ina­cei­tá­veis res­tri­ções que estão a ser im­postas aos or­ça­mentos na­ci­o­nais jus­ti­ficam ainda mais a fi­xação de um má­ximo de dez por cento no co-fi­nan­ci­a­mento na­ci­onal, so­bre­tudo para os países da co­esão».

Dis­tri­buir re­cursos

Os de­pu­tados do PCP de­fendem que, para além do au­mento do or­ça­mento da UE, se in­tro­duza al­te­ra­ções pro­fundas na sua função re­dis­tri­bu­tiva e nas suas pri­o­ri­dades, apos­tando em três eixos prin­ci­pais:

– no apoio aos países, par­ti­cu­lar­mente àqueles que estão em re­cessão eco­nó­mica, para in­ves­ti­mentos em infra-es­tru­turas pú­blicas, equi­pa­mentos so­ciais, in­ves­ti­gação, ino­vação e de­sen­vol­vi­mento eco­nó­mico e so­cial;

– no au­mento do Fundo de Co­esão e Fundos Es­tru­tu­rais, dando pri­o­ri­dade à ma­nu­tenção e cri­ação de em­prego com di­reitos e à luta contra a po­breza;

– em pro­fundas al­te­ra­ções na Po­lí­tica Agrí­cola Comum e na Po­lí­tica Comum de Pescas, apoi­ando a pro­dução na­ci­onal e o in­ves­ti­mento, apoi­ando os pe­quenos e mé­dios agri­cul­tores e as PME, através de preços justos à pro­dução, e apos­tando na se­gu­rança e so­be­rania ali­men­tares.



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