PS – sem saída e sem emenda

Carlos Gonçalves

Fora do governo de serviço ao pacto de agressão, mas comprometido na troika que o concretiza, o PS está preocupado, não em defender os trabalhadores, o povo e o País e em pôr fim ao desastre, mas sim em preparar, a prazo, que a governação lhe caia de novo no regaço, por herança, e em garantir a continuidade da política de direita.

No intervalo das suas juras de fidelidade ao capital, o PS aposta na ocultação e branqueamento das suas responsabilidades pela situação do País, insiste na pose de «oposição» e em vender a ideia de que tem respostas, de «austeridade inteligente» e «sensibilidade social», apoiadas na «renegociação do Programa de Assistência Financeira».

Mas «renegociação» do pacto foi o que ainda agora aconteceu, com mais tempo para chegar à estupidez da meta do défice, que serve ao euro alemão e também para mais «roubalheira» (à portuguesa), como bem se vê neste OE. O PS, pese embora o radicalismo verbal inócuo, que ditou ao «Congresso das Alternativas», não tem saída para a situação. Está «preso pelo rabo» à política de direita, que prosseguiu todos estes anos, às suas opções de classe e aos compromissos com o grande capital e os «amigos europeus».

O PS, ao contrário do que diz a putativa futura «co-coordenadora» do BE, não fez nenhuma «evolução», a não ser nas suas bravatas de «oposição», que são cada vez mais breves, «não vá o diabo tecê-las».

Aliás, foi agora, em cima deste OE e quando se afunda rapidamente a base de apoio ao Governo, mas também ao pacto de agressão, que Seguro, M. Soares e J. Sampaio, cada um à sua maneira, vieram defender convergências do PS com o PSD (sem ou com o CDS), para subverter a representatividade da AR, ou para apoiar um novo governo tecnocrata, ou de iniciativa presidencial, que salve e prossiga a mesma política, mais ou menos recauchutada, ou com novo «embrulho» de «projecto europeu», federalista, claro. Fica assim mais claro – o PS não tem saída para a situação do País, nem emenda para alterar a sua política.

Mas, ainda assim, com a luta, com o reforço do PCP, com todos os democratas e patriotas, é cada vez mais possível, necessário e urgente defender os trabalhadores e o povo, REJEITAR o pacto de agressão e afirmar a soberania nacional. Por um novo rumo para Portugal.



Mais artigos de: Opinião

Eles têm medo

A história não se repete, como se sabe, mas imita muito bem. Num curto espaço de tempo, enquanto o País reagia com estupor e indignação à proposta de Orçamento do Estado para 2013, um professor que não é de Coimbra mas que acredita estar destinado a...

O exigente caminho para a alternativa

A concretização da alternativa política emerge, na actual conjuntura, com redobrada actualidade. Alternativa tão inadiável e urgente quanto complexa e exigente, em que o processo para a sua indispensável construção resultará não de actos proclamatórios mas de uma acção determinada, coerente e persistente capaz de fazer confluir o conjunto de factores subjectivos e objectivos que lhe dê corpo.

Revolução bolivariana

De repente a Venezuela desapareceu da grelha mediática dominante. Outra seria a história se Capriles tivesse vencido o sufrágio de 7 de Outubro. Mas não. Chávez foi reeleito com mais de oito milhões de votos e 11 pontos de avanço numas eleições em que votaram...

De bradar aos céus

As declarações do presidente da conferência episcopal terão sido recebidas mesmo em círculos da Igreja católica entre um misto de perplexidade e desilusão. Esperar-se-ia que perante o rosário de exploração, desemprego e destruição da vida...

14 de Novembro

O vigoroso ascenso da luta de massas está a mudar aceleradamente o clima social e político. E a fazer surgir uma curiosa e contraditória rearrumação de forças. Em que algumas fazem o que já se esperava e outras fazem o que se esperava à mistura com...