14 de Novembro
O vigoroso ascenso da luta de massas está a mudar aceleradamente o clima social e político. E a fazer surgir uma curiosa e contraditória rearrumação de forças. Em que algumas fazem o que já se esperava e outras fazem o que se esperava à mistura com posições que não devem passar sem registo.
Para exemplificar: a UGT e o sr. Cardeal Patriarca.
A UGT, naturalmente, cabe no primeiro grupo. Perante o anúncio pela CGTP de uma Greve Geral para 14 de Novembro, que diz o Secretariado Nacional da central amarela (4.10.2012)? Reconhecendo uma série de maldades na política de «austeridade» do Governo (e escondendo o vergonhoso acordo de concertação que com ele subscreveu), o que tem a dizer é que a convocatória é «divisionista e sectária», e que a UGT aposta no «diálogo social tripartido». Porque a CGTP não a foi consultar sobre a convocatória, ou seja, decidiu – e bem – não retardar o desenvolvimento da luta que tivera uma tão grandiosa expressão em 29 de Setembro (e para a qual a UGT nada contribuiu, ao contrário do que aconteceu com muitos trabalhadores filiados em sindicatos que a integram) com semelhante e inútil consulta.
O sr. Cardeal Patriarca cabe no segundo grupo. Em declarações recentes (v. http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=92740) disse várias coisas, das quais ressaltou sobretudo o considerar que manifestações – que afirma compreender – e greves «não resolvem nada». Naturalmente que os trabalhadores – incluindo muitos trabalhadores católicos – têm opinião diferente. Mas não foi só isso que o sr. CP disse. Disse que a crise está «difícil para muitos, não para todos». Disse que uma das raízes da crise está em que «o mundo financeiro passou a ser uma fonte de lucro sem produção económica». Disse que cabe a cada português ser «protagonista da solução». E não será verdade que, em todos estes pontos, podemos estar de acordo com o sr. CP? Com uma rectificação: da mesma forma que a crise é para muitos mas não para todos, também não serão todos os portugueses os protagonistas da solução. Será a esmagadora maioria, serão os trabalhadores e o povo os protagonistas da solução. E, com desculpa do sr. CP, com um grandioso passo nesse sentido a 14 de Novembro.