Greve geral na Grécia

Basta de sacrifícios

Os trabalhadores de todos os sectores de actividade da Grécia foram ontem chamados a participar na greve geral convocada por todas as centrais sindicais para repudiar o novo programa da troika e do governo.

Troika defende semana de seis dias

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A greve geral, que se iniciou já depois do fecho desta edição, surge na sequência de uma vaga de paralisações e protestos nos diferentes sectores contra o novo pacote de medidas antipopulares que, como refere a Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME), visa a completa destruição das convenções colectivas, a abolição na prática do salário mínimo e a redução geral dos salários para níveis equiparáveis aos da Bulgária e da Albânia.

Ao todo, o governo grego pretende encaixar mais de 11 mil milhões de euros, em cortes na despesa e aumentos da carga fiscal. Em simultâneo, a pretexto da competitividade, está em curso a demolição total da regulamentação laboral, falando-se já na jornada diária de 13 horas e na semana de seis dias.

Tal como em Portugal, a troika exige a redução ou mesmo a eliminação das contribuições patronais para a Segurança Social, bem como o aumento da idade da reforma para os 70 anos, a diminuição do valor das pensões e o aperto das condições para aceder à pensão mínima. Na mira da privatização estão os serviços públicos em geral, incluindo a Saúde.

A PAME chama a atenção para o facto de que estas medidas não resultam da especificidade da situação grega, mas inserem-se na estratégia da União Europeia, cujas políticas são pensadas para servir os interesses dos monopólios.

É por isso que, observa ainda a frente sindical, «as medidas são iguais na Grécia, Itália, Espanha e noutros países capitalistas, mesmo naqueles que não integram a eurozona e em que não há crise».

Deste modo, «não basta denunciar estas medidas e lutar contra a sua aplicação, temos de lutar para derrubar os interesses e as políticas que impõem estas medidas», conclui a PAME.

Luta radicaliza-se

Na segunda-feira, jornalistas, técnicos e outros trabalhadores da comunicação social cumpriram uma greve de 24 horas, que deixou o país sem televisão e, no dia seguinte, sem jornais.

Manifestando-se no centro de Atenas, estes profissionais repudiaram as «condições medievais» que o patronato lhes quer impor. «Pediram-nos para assinar contratos com uma redução salarial de 25 por cento», declarou uma trabalhadora da estação privada de rádio Alpha, citada pela AFP. Fotini Karagussi, que trabalha há 13 anos na referida estação, revelou ainda que o quadro de pessoal, que há cinco anos contava com 130 trabalhadores, está hoje reduzido a 30 pessoas.

Na semana passada, dia 20, a Federação de Sindicatos de Polícias da Grécia anunciou que os seus associados se recusarão a reprimir as manifestações de trabalhadores.

Numa jornada de protesto, que juntou igualmente bombeiros e agentes da guarda-costeira, os sindicatos declararam que não vão aceitar a redução salarial entre seis e 7,5 por cento, com efeitos retroactivos a Julho, medida que poderá ser agravada a partir de Janeiro com um novo corte de 13 por cento.

Caso se concretizem as intenções do governo, os agentes da ordem passarão a trabalhar 50 horas semanais, por um salário máximo de 700 euros.



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