No fundo da mina
Uma centena de mineiros ocupou durante uma semana os poços de Nuraxi Figus, na ilha italiana da Sardenha, em protesto contra o anunciado encerramento da exploração.
Mineiros italianos lutam pelo sector do carvão
Na noite de 26 de Agosto desceram a 373 metros de profundidade levando consigo perto de várias centenas de quilos de explosivos, dispostos a permanecer ali até obterem do governo o compromisso de salvação da mina.
A acção determinada do grupo de mineiros, no qual se contam três mulheres, ganhou de imediato a simpatia e solidariedade de milhões de trabalhadores italianos que lutam contra as políticas de austeridade e a destruição massiva de postos de trabalho. O próprio presidente da República, Giorgio Napolitano, veio a público expressar o seu apoio aos mineiros.
A meio da semana, numa conferência de imprensa, o mineiro Stefano Meletti não hesitou em puxar de uma faca e cortar um dos pulsos, lançando a pergunta: «É isto que querem que façamos para resolver o problema?».
Na sexta-feira, 31, após uma reunião com as autoridades locais e regionais, o ministro do Desenvolvimento Económico, Corrado Passera, garantiu que a mina não será encerrada, mas sim modernizada com as mais recentes tecnologias para a tornar «economicamente sustentável».
A exploração de carvão é gerida pela empresa Carbosulcis, que emprega cerca de 500 trabalhadores. O minério é utilizado para a produção de energia eléctrica na central térmica da Enel. Porém, apesar das imensas reservas da bacia, avaliadas em 600 milhões de toneladas, há muito que a mina está ameaçada de encerramento. Já em 1995, os trabalhadores foram forçados a permanecer no seu interior durante 100 dias.
Ainda na Sardenha, onde o desemprego atinge mais de 15 por cento da população, o futuro da fábrica de alumínio da Alcoa está igualmente em risco. No final da semana passada, a empresa começou a suspender a produção, dispensando centenas de trabalhadores. Na segunda-feira, 10, os operários da Alcoa vão manifestar-se em Roma, onde terá lugar uma reunião entre a administração, os sindicatos e o ministro da tutela, que revelou entretanto o interesse da Switzerland's Glencore em comprar a unidade.