Liberdade para Bolinaga
O juiz central de Vigilância Penitenciária de Espanha, José Luís Castro, aceitou, dia 31, o pedido de libertação do independentista basco, Iosu Uribetxebarria Bolinaga, que sofre de um cancro incurável.
A decisão foi justificada por «razões humanitárias e de dignidade pessoal». Não obstante, o magistrado optou por não libertar imediatamente o preso, dando um prazo de cinco dias úteis para a eventual apresentação de recurso.
A possível libertação de Bolinaga é fruto de um processo de luta desencadeado pelo próprio, após ser transferido para o Hospital de San-Sebastián, no dia 1 de Agosto. Uma semana mais tarde, o preso inicia uma greve de fome que manteve durante 15 dias. A sua acção foi seguida por centenas de presos políticos bascos em dezenas de prisões de Espanha e França, bem como por um grupo de activistas que se instalou junto ao Hospital. Também os deputados do Bildu e do Aralar se solidarizaram com a causa dos presos cumprindo jejuns no parlamento de Pamplona.
A pressão sobre as autoridades mantém-se até porque, para além de Bolinaga, há mais 13 presos bascos que sofrem de doenças graves e incuráveis, aos quais é negada a liberdade e um tratamento digno.
No sábado, 1, milhares de pessoas manifestaram-se em San Sebastián, pedindo a libertação dos 14 presos doentes. Na iniciativa participaram dirigentes políticos de vários partidos, designadamente o secretário-geral da EA (Solidariedade Basca), Pello Urizar, representantes da esquerda independentista, deputados da coligação Amaiur, dirigentes do partido Aralar ou o próprio alcaide da cidade, Juan Karlos Izagirre.
O desfile realizou-se em silêncio, sem palavras de ordem, faixas ou cartazes. No final, os organizadores leram um comunicado em que exigiram o fim da actual política penitenciária, considerando que a situação de Bolinaga foi «cruelmente prolongada por razões totalmente alheias ao respeito pelos direitos humanos».