7,5 milhões de alemães buscam trabalho

No país com a eco­nomia mais pu­jante da Eu­ropa, e com uma das mais baixas taxas ofi­ciais de de­sem­prego, há afinal 7,5 mi­lhões de pes­soas que pro­curam tra­balho.

Quem o cons­tata é o Es­cri­tório Fe­deral de Es­ta­tís­tica (Des­tatis), num es­tudo di­vul­gado dia 15, onde con­clui que para além dos 2,5 mi­lhões de de­sem­pre­gados que pro­curam ac­ti­va­mente um em­prego, há mais 3,7 mi­lhões de tra­ba­lha­dores (dos quais 1,7 mi­lhões tra­ba­lham a tempo in­teiro) que pre­cisam de um se­gundo em­prego para su­prir às suas ne­ces­si­dades e ainda ou­tros 1,2 mi­lhões, de­sig­nados como «re­serva si­len­ciosa», que apesar de não pro­cu­rarem ac­ti­va­mente outra ocu­pação de­se­ja­riam obtê-la.

O es­tudo re­vela que dos que tra­ba­lham a tempo par­cial e que pre­tendem tra­ba­lhar mais, 72 por cento são mu­lheres. No que se re­fere aos que já estão com jor­nada com­pleta (a partir de 32 horas se­ma­nais) mas pro­curam um se­gundo tra­balho, 73% são ho­mens.

As ra­zões re­montam às re­formas la­bo­rais im­postas pelos go­vernos so­ciais-de­mo­cratas/​verdes de Gerhard Schröder, entre 2003 e 2005, que se des­ti­navam su­pos­ta­mente a di­na­mizar o mer­cado de tra­balho.

Na ver­dade, como o es­tudo mostra cla­ra­mente, as re­formas la­bo­rais e da pro­tecção so­cial trou­xeram con­sigo um au­mento sig­ni­fi­ca­tivo da pre­ca­ri­e­dade la­boral e uma des­va­lo­ri­zação geral do tra­balho que agra­varam as de­si­gual­dades sa­la­riais.

O fe­nó­meno do cha­mado «mi­ni­jobs», uma mo­da­li­dade de em­prego sub­ven­ci­o­nado pelo Es­tado com um sa­lário má­ximo de 400 euros e um li­mite de 40 horas men­sais, po­derá ter re­ti­rado das es­ta­tís­ticas mi­lhões de de­sem­pre­gados, mas se­gu­ra­mente que não res­pondeu às ne­ces­si­dades e as­pi­ra­ções das fa­mí­lias, que con­ti­nuam em busca de uma so­lução que lhes per­mita viver com dig­ni­dade.

O mesmo es­tudo mostra que, entre 2005 e 2010, os tra­ba­lhos tem­po­rá­rios mal re­mu­ne­rados cres­ceram três vezes mais de­pressa do que outro tipo de em­pregos.

Os em­pre­sá­rios lu­craram com o em­ba­ra­te­ci­mento do tra­balho, ao mesmo tempo que os tra­ba­lha­dores se vêem for­çados a deitar mão ao que apa­rece, mesmo que seja por um sa­lário ri­dí­culo.

Hoje, um em cada cinco postos de tra­balho é um «mi­nijob», ou seja, quase cinco mi­lhões de tra­ba­lha­dores têm nesta es­pécie de em­prego a sua prin­cipal fonte de ren­di­mento.

E para a mai­oria não há qual­quer saída pos­sível desta si­tu­ação de sub-em­prego, dado que a con­tra­tação nestas con­di­ções é sub­ven­ci­o­nada pelo Es­tado.

Dados da OCDE mos­tram ainda que na Ale­manha os con­tratos com baixos sa­lá­rios re­pre­sentam 20 por cento dos em­pregos a tempo in­teiro, per­cen­tagem acima da re­gis­tada na Grécia (13,5%) ou na Itália (8%).



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