CDS-PPortas – «sem-vergonhismo» e revanchismo

Carlos Gonçalves

O CDS-PP é o que é, reaccionário e em permanente revanche com o regime democrático. Com P. Portas aprendeu o «sem-vergonhismo» e a instrumentalização populista do desespero de certos sectores sociais conservadores, maltratados pela crise sistémica – a «lavoura», os «retornados», os «velhinhos» –, que depois descarta cinicamente nas voltas da sua política de serviço ao poder económico. O CDS vive em permanente representação teatral, o fio condutor da sua «ópera bufa» é a ambição de se perpetuar, servir e inebriar no poder, para glória e lucro dos interesses que o comandam. A «caridade» e os «ministros dinâmicos» e «modernos» são adereços do espectáculo, tal como os «betinhos» e as «tias da linha».

P. Portas e o seu partido estão no bolso do colete do grande capital como «força de choque» e de «reserva» para todas as missões, para concretizar em quaisquer condições – com o PS, o PSD, ou o que vier – a agenda política da direita dos interesses, até às últimas consequências. Por isso, o desvelo da comunicação social dominante, branqueando o seu papel nos governos de Barroso e Santana e na corrupção e tráfico de influências, empurrando-o para o Governo e garantido-lhe todo o protagonismo.

O CDS-PP assume zelosa e ruidosamente o cumprimento do pacto de agressão, mas hoje, face à redução da base de apoio do Governo, tenta que os seus ministros só dêem as «boas notícias» e procura passar a imagem de um discurso «moderado», «competente» e «vagamente crítico», relativamente aos aspectos mais chocantes da política do Executivo.

É falso. Quando P. Portas e os seus acólitos se referem aos «impostos no limite», ou a que «o público e o privado têm responsabilidades diferentes» visam alargar o esbulho dos trabalhadores e arrasar os serviços públicos, para entregar o saque numa bandeja dourada aos grandes interesses que servem. O «distanciamento» relativamente ao Governo é uma treta, que visa apenas segurar o CDS-PP na área do poder, em quaisquer circunstâncias e em hipotéticas futuras coligações alargadas, para concretizar o pacto de agressão e a política de direita. E sempre como instrumento dos grandes interesses e do seu projecto de revanche com o Portugal de Abril.



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