Contra a reactivação das centrais no Japão

Marcha anti-nuclear cerca parlamento

Milhares de japoneses voltaram a manifestar-se contra a reactivação das centrais nucleares no país e exigiram a diversificação do plano energético nipónico.

O governo injectou 12 mil e 800 milhões de dólares na Tepco

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A marcha realizada domingo, na capital, Tóquio, partiu da sede da Tokyo Electric Power (Tepco) e percorreu o centro da cidade até chegar ao parlamento. Ao longo do percurso e depois durante o cerco simbólico do hemiciclo, os participantes reiteraram a rejeição aos planos de reactivação de cerca de 50 centrais nucleares no país, anunciados pelas autoridades.

Nas últimas semanas, multiplicaram-se as acções de massas do movimento anti-nuclear no Japão, sobretudo depois do governo liderado por Yoshihiko Noda ter decidido autorizar o reinício da laboração dos reactores no território, entre os quais um na central de Fukushima, que colapsou em Março de 2011 provocando uma catástrofe de dimensões ainda por calcular.

Todas as semanas, os japoneses protestam contra a energia nuclear no país e pela diversificação das fontes fundamentais do plano energético nacional. Diariamente reúnem-se manifestantes frente à casa do primeiro-ministro. A iniciativa do passado fim-de-semana, sustentam os seus promotores, garantiu a presença de populares de várias regiões do território. Os que não puderam deslocar-se a Tóquio, integraram acções locais de protesto, informaram.

Já depois da manifestação na capital, o executivo japonês concretizou a anunciada injecção de fundos públicos na Tepco, empresa responsável pela exploração de Fukushima e considerada pela comissão de investigação ao incidente nuclear do ano passado co-responsável pelo ocorrido. O tsunami que atingiu o Japão, acusa a comissão, antecipou algo que viria a acontecer em resultado da negligência da Tepco, dos sucessivos governos e das entidades fiscalizadoras.

Tal como havia sido decidido, o governo nipónico transferiu esta semana os 12 mil e 800 milhões de dólares para a operadora privada, a qual, argumenta, está à beira da falência.

Consequências da catástrofe

 Paralelamente, fontes médicas japonesas citadas por agências internacionais alertam que um terço das crianças que habitavam na zona afectada pelo coplapso de Fukushima podem vir a sofrer de cancro.

Segundo os clínicos, um estudo elaborado sob a égide do Hospital Universitário de Fukushima, 35,8 por cento dos menores observados já apresenta nódulos ou quistos. Um número semelhante demonstra sinais de desenvolvimento anormal da glândula tiróide.

Só dentro de quatro ou cinco anos é que poderemos estabelecer uma relação causa efeito, advertem os profissionais de saúde, mas, entretanto, sublinham ainda, as crianças têm de ser acompanhadas de perto e as irregularidades no desenvolvimento celular registadas têm de ser alvo de biopsia, o que, denunciam, não está a acontecer.

O Instituto Japonês de Ciências Radiológicas calcula que as crianças tenham sido expostas, durante um período curto de tempo, a níveis de radiação equivalentes aos que deveriam receber durante toda uma vida.

Além do Japão, o alarme sobre as consequências da catástrofe nuclear em Fukushima estendem-se aos EUA. Peritos do Laboratório Meio-Ambiental do Pacífico da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica defendem que a breve trecho todo o Pacífico Norte pode estar contaminado, apresentando mesmo níveis de toxicidade superiores aos apurados em Fukushima quando as águas atingirem a costa norte-americana.



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