Batota eleitoral
Milhares de mexicanos contestaram a eleição de Enrique Peña Nieto para a presidência do país, acusando o candidato de só ter vencido Manuel López Obrador com recurso à batota
Cinco milhões de votos são fraudulentos, acusa López Obrador
No sábado, em 16 cidades de todo o país, entre as quais a capital, Cidade do México, Guadalajara e Monterrey, as multidões desfilaram frente a sedes do Partido Revolucionário Institucional – que com o Partido Ecologista integra a coligação «Compromisso pelo México», emblema de candidatura de Peña Nieto – e do governo, emissoras televisivas e lojas da cadeia de supermercados Soriana.
«Se há imposição, haverá revolução»; «queremos escolas, não telenovelas» ou «os meus sonhos não cabem num carro de compras do Soriana», gritaram os manifestantes.
Os protestos sustentam-se no descarado favorecimento de Peña Nieto por parte dos órgão de comunicação social durante o período de campanha eleitoral e nas denúncias de fraude. Neste particular, o aspecto mais saliente é a alegada compra de votos a troco de cartões de um popular grupo de distribuição a retalho.
Manuel López Obrador, apoiado pelos partidos da Revolução Democrática, do Trabalho e pelo Movimento Cidadão, exigiu a recontagem de todos os votos. O Instituto Federal Eleitoral apenas procedeu ao escrutínio de cerca de metade e confirmou que Peña Nieto havia obtido mais de 19 milhões e 200 mil votos, 38, 21 por cento do total, contra os quase 15 milhões e 900 mil garantidos por López Obrador, 31,59 por cento do total.
O candidato da aliança «Movimento Progressista» insistiu, no entanto, que «aproximadamente cinco milhões de votos» resultam de irregularidades e mostrou mesmo milhares de cartões dos supermercados Soriana para provar a compra de votos, pelo que, concluiu, a sua candidatura vai continuar a apelar ao esclarecimento de todo o processo, sem o qual não reconhece a derrota.
Entretanto, a Procuradoria-geral da República informou que já está a investigar as queixas apresentadas por López Obrador, candidato que, em 2006, perdeu a corrida à presidência do México por menos de um por cento dos votos para Filipe Calderón, igualmente acusado de fraude.