Protestos
Um coro de protestos ecoa na sociedade portuguesa, contra a devastação em curso desencadeada pelo Governo Passista. Não há comentadores na Imprensa escrita, na rádio ou na televisão que não malhem [finalmente...] no lombo do Executivo, invectivando ministros, cascando nos discursos de Passos ou, mais detalhadamente, denunciando com crescente preocupação o desastre socio-económico em que o País está mergulhado.
A «mudança de paradigma» no regime democrático que Passos Coelho prometeu na tomada de posse - salivando, silente, por um lugar futuro entre os maiores da Pátria – transformou-se num alucinante montão de escombros socio-económicos, candidatando Passos a um lugar na história... mas a dos ignóbeis desastres nacionais.
As críticas, que já acusam Passos Coelho de «mentir» ao País, desenvolvem argumentações que, há uns meses atrás, levavam muitos dos seus actuais autores a se persignarem como perante o Demo.
É o caso de chegarem à conclusão de que esta «receita» de esmifrar os trabalhadores continuada e generalizadamente só agrava o desastre social em curso, ou que o aumento contínuo do desemprego e dos impostos está a levar o País à ruína já comprovadamente inexorável ou, ainda, que urge «renegociar a dívida» (aqui, os mais reverentes aos «compromissos com a troika» – como o secretário-geral do PS, António José Seguro – reivindicam apenas «mais um ano, à semelhança da Espanha», no pagamento da tal dívida).
Isto quando a UE esbraceja de aflição, com a Itália e a Espanha a imporem que o BCE financie directamente as bancas nacionais e não endivide mais os respectivos Estados, derrotando pela primeira vez os ditames da Alemanha da sra. Merkel, o que deveria levar Portugal a uma busca imediata de aliança com os seus parceiros «periféricos» (Grécia, Irlanda, Espanha e Itália), para unir forças e reivindicações.
Mas isso é impossível com um primeiro-ministro e um Governo que são os únicos, na UE, a aplaudir – e fervorosamente - os ditames da sra, Merkel, essa mulher fatal.
Mas o que esbraseou as críticas dos gurus da praça foi o anúncio de vários descalabros: o almejado défice de 4,5% anda pelo dobro neste 1.º trimestre, o desemprego sobe muito acima de um milhão de desempregados, isto num País com cinco e tal milhões de população activa, os salários sofreram uma queda histórica de 3,9% no 1.º trimestre, correspondemdo a uma perda de 800 milhões de euros em salários dos trabalhadores.
Subitamente exaltados - e esquecidos de que, apenas há meia dúzia de meses, garantiam a pés juntos que a austeridade de Passos «era a única saída» -, os mimosos comentadores extraem agora uma conclusão: a de que este Governo tem mentido ao garantir que «os sacrifícios impostos aos portugueses» iam baixar o défice.
Tal alastramento de críticas bem-pensantes mostra como a indignação e a revolta contra esta política já tomaram conta do País.
São esses protestos, mas dos trabalhadores, que, saindo crescentemente à rua, irão impor a grande crítica - a que despejará esta política cripto-fascista.