Greves no controlo aéreo
Os trabalhadores da NAV passaram 2011 a exigir do Governo que este nomeasse uma Administração para a Empresa, pois a anterior estava sem quórum fruto de sucessivas demissões. Alertaram para as implicações que a não nomeação estava a ter no quadro do processo do «céu único» e para os riscos que se colocavam à economia e à soberania nacionais. O PCP confrontou directamente o Governo na AR. Mas nada. Foi preciso a marcação de uma greve para o Governo nomear uma Administração em Janeiro. Mas fê-lo de tal forma que dois meses depois esta estava sem quórum, o que se mantém ainda hoje!
Da mesma forma, os trabalhadores da NAV passaram 2011 a alertar para as consequências desastrosas dos cortes salariais na empresa: é que fruto da forma como se calcula internacionalmente as taxas de rota, o resultado concreto dos cortes salariais dos trabalhadores da NAV seria a redução de receitas da empresa, com a agravante de que estas são maioritariamente exportações. O PCP confrontou o Governo na AR sobre estas questões. O Governo reconheceu a razão dos trabalhadores e do PCP, mas manteve e até alargou os cortes salariais, e o País está a perder milhões em exportações para «conseguir» reduções de salários que agravam a recessão.
Se tivermos em conta que a NAV é a empresa pública que assegura o controlo do espaço aéreo nacional e atlântico, toda a situação descrita seria sempre criminosa mesmo que se tratasse de uma questão de profunda incompetência.
Mas a coisa é muito mais grave: o Governo está a sabotar a nossa própria economia para cumprir as ordens que recebe do grande capital europeu, que quer salários mais baixos e quer eliminar as soberanias nacionais sobre o «seu» espaço aéreo.
Em defesa dos seus direitos e da economia nacional, os trabalhadores da NAV realizaram uma primeira jornada de luta com greve em Maio e estão a organizar uma segunda para o final de Junho. Os criminosos que estão a destruir a economia nacional gritarão novamente contra as greves nos transportes e os prejuízos que causam ao país. Esses gritos, devidamente amplificados, poderão atemorizar muita gente, mas não alterarão a realidade: só a luta dos trabalhadores pode, quer e vai salvar Portugal.